SE O TEMPO FOSSE OURO..., TALVEZ PUDESSES PERDÊ-LO. - MAS O TEMPO É VIDA, E TU NÃO SABES QUANTA TE RESTA.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Polêmica da educação no Brasil









AVALIAÇÃO 1 BIMESTRE - VIAGEM NO TEMPO -




Referêncial Teórico

As idéias que movem os homens nos diversos momentos da história, encontram-se expressas nas várias atividades humanas, e de modo específico, na filosofia, na religião e na arte, encontram suas expressões de maior relevância. E não é senão na arte, que representadas de modo concreto e figurado, expressam tudo aquilo que agita a alma humana.
É indubitável que todos os povos, quaisquer que tenham sido a sua civilização e sua cultura, sentiram um poderoso impulso para a criação de formas. Estes impulso começa por se manifestar naturalmente na construção de casas e na fabricação dos objetos necessários para o uso na vida diária, e só adquire verdadeiro caráter artístico quando nas formas sensíveis, expressa uma determinada idéia espiritual.
Assim, os objetos de arte revelam algo do seu criador, pois nos fornecem “eles fornecem os signos que tornam para nós presente o passado, a história perdida de um povo, de uma cultura e, também as idéias que moveram aqueles Homens no passado. Em outras palavras, as obras de arte, captam um momento da cultura e representa mais que as influências sociais e psicológicas às quais os objetos criados se ligam. Expressam um conceito.
Sendo assim vamos analisar o passado e o presente e tentar entender o espírito que governa a história.

Trabalho em duplas ou trios.
Manuscrito

Como exemplo, veja no link abaixo, os comentários do artigo: PINTANDO A ALMA HUMANA;
http://ambientescostumes.blogspot.com/2008/08/pintando-alma-humana.html


CONJUNTO 1 - MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS


La Sainte-Chapelle - 1248



Turquia: Istambul - A Mesquita Azul, do Sultão Ahmet I - construída entre 1609 e 1616



Manisfestação de religiosidade atual , séc XXI

CONJUNTO 2 - PINTURA

Pintura pré histórica - +/- 4000 a.C.



Pintura egípcia - aprox - 1300 a.C.



A escola de Atenas - Rafael - 1510



Piet Mondrian. Composition Chequerboard, Dark Colors. 1919. Óleo.

CONJUNTO 3 - ESCULTURA E SIMILARES


Sarcófago do Faraó Tutancâmon - 1324 a.C. &




Laocoonte e seus filhos +/- 40 a 20 A.C.




Pietá - Michelangelo em 1499
&



A Fonte é um urinol de porcelana branco, considerado uma das obras mais representativas do dadaísmo na França, criada em 1917, sendo uma das mais notórias obras do artista Marcel Duchamp.

CONJUNTO 4 - CONCEITO



Sandro Botticelli - 1445 – 17 de maio de 1510 - Madona com a Criança

&


Madona - Cantora

CONJUNTO 5 - ARQUITETURA


Palazzo Ducale, também conhecido como Palácio do Doge, é um símbolo da cidade de Veneza e uma obra-prima do gótico veneziano. S
O palácio atual foi construído entre 1309 e 1424.


o Castelo de Chambord - 1547
&

Palácio do Planalto

O Palácio do Planalto é a sede do Poder Executivo Federal, local onde está o Gabinete Presidencial do Brasil. - Oscar Niemeyer.

CONJUNTO 6 - MÚSICA



Pueri Concinite - AUTOR DESCONHECIDO - CANÇÃO TRADICIONAL MEDIEVAL - INTERPRETADA POR Jean Baptiste Maunier.




Marily Marilyn Manson - Sweet Dreams (Are Made Of This)

PRIMEIRO ANO - PRIMEIRO BIMESTRE - Introdução à Filosofia (O que é filosofia e História da filosofia).



PARTE 1
Leia:
A palavra Filosofia deriva do grego "PHILOSOPHIA"

SOPHIA significa SABEDORIA

PHILO significa "Amor Filial", ou Amizade
Literalmente, um Filósofo é um AMIGO, ou AMANTE de SOPHIA, alguém que admira e busca a SABEDORIA
Esse termo foi usado pela primeira vez pelo famoso Filósofo Grego PITÁGORAS por volta do século V aC, ao responder a um de seus discípulos que ele não era um "Sábio", mas apenas alguém que amava a Sabedoria.
Filosofia é então a busca pelo conhecimento último e primordial, a Sabedoria Total.
Embora de um modo ou de outro o Ser Humano sempre tenha exercido seus dons filosóficos, a Filosofia Ocidental como um campo de conhecimento coeso e estabelecido, surge na Grécia Antiga com a figura de TALES de MILETO, que foi o primeiro a buscar uma explicação para os fenômenos da natureza usando a Razão e não os Mitos, como era de costume.
Assim como a Religião, ela também já teve sua morte decretada. No entanto a Filosofia Ocidental perdura há mais de 2.500 anos, tendo sido a Mãe de quase todas as Ciências. Psicologia, Antropologia, História, Física, Astronomia e praticamente qualquer outra derivam direta ou indiretamente da Filosofia. Entretando as "filhas" ciências se ocupam de objetos de estudo específicos, é a "Mãe" se ocupa do "Todo", da totalidade do real.
Nada escapa à investigação filosófica. A amplitude de seu objeto de estudo é tão vasta, que foge a compreensão de muitas pessoas, que chegam a pensar ser a Filosofia uma atividade inútil. Além disso seu significado também é muito distorcido no conhecimento popular, que muitas vezes a reduz a qualquer conjunto simplório de idéias específicas, as "filosofias de vida", ou basicamente a um exercício poético.
Entretanto como sendo praticamente o ponto de partida de todo o conhecimento humano organizado, a Filosofia estudou tudo o que pôde, estimulando e produzindo os mais vastos campos do saber, mas diferente da Ciência, a Filosofia não é empírica, ou seja, não faz Experiências. Mesmo por que geralmente seus objetos de estudo não são acessíveis ao Empirismo.
A RAZÃO e a INTUIÇÃO são as principais ferramentas da Filosofia, que tem como fundamento a contemplação, o deslumbramento pela realidade, a vontade de conhecer, e como método primordial a rigorosidade do raciocínio, para atingir a estruturação do pensamento e a organização do saber.
Fonte: http://www.xr.pro.br/Filosofia.html


EXERCÍCIO:

1 ) VER NO YOUTUBE: FILOSOFIA PARA TODOS - DIEGO FERNANDES
http://br.youtube.com/watch?v=ncTTkksPBm4
E FAZER UM RELATÓRIO CONTANDO TODO O VIDEO

2) VER NO YOUTUBE: FUTEBOL DOS FILÓSOFOS
http://br.youtube.com/watch?v=moWZm66J_yM
E FAZER UM RELATÓRIO CONTANDO TODO O VIDEO

PARTE - 2
LEIA E FAÇA O TEMPO LÓGICO DO TEXTO ABAIXO
História da Filosofia:
FILOSOFIA ORIENTAL
1. Conceito oriental. — A especulação filosófica propriamente dita não parece ter sido cultivada no Antigo Oriente. Apesar da elevada cultura científica das suas elites intelectuais, os egípcios, os caldeus, os hindus, os chineses, os judeus e os persas não possuíram, em matéria de filosofia, mais do que conhecimentos muito gerais, derivados da religião e relativos à divindade, à alma humana e a preceitos morais.
2. Esses conhecimentos não foram, porém, submetidos a um tratamento filosófico, nem receberam uma fundamentação metódica e sistemática. Eram considerados como frutos de revelação divina e constituíam uma tradição sagrada que se transmitia intacta de geração em geração. Entre os judeus, houve até certo desprezo pela filosofia. A doutrina moral que lhes foi revelada por Deus possuía tais características de realismo e de objetividade que eles se satisfizeram com a mesma, julgando desnecessário enriquecê-la com a investigação científica ou com a especulação filosófica. Daí o caráter essencialmente religioso da cultura hebraica antiga.
3. Entre os povos do Antigo Oriente, foram os hindus os que possuíram maiores dotes especulativos e os que mais se esforçaram para explicar, racionalmente, o homem e o universo. A filosofia brâmane nada mais representou, porém, do que uma metafísica hierática e sagrada. Não conseguiu desprender-se da religião. "Ainda quando desvestidos dos indumentos mitológicos, o pensamento oriental conserva-se fundamentalmente religioso e mais ou menos solidário das crenças e superstições vulgares". Através da religião, os povos do Antigo Oriente possuíram verdades filosóficas e não filosofia, propriamente dita.


Filosofia Clássica ou Antiga
4. Conceito grego. — É somente na Grécia que a filosofia se desliga da religião e adquire existência autônoma. Seus limites são então claramente delineados e seu âmbito de ação precisamente estabelecido — a investigação das verdades racionais. Teve, porém, a filosofia, entre os gregos, inicialmente, uma significação muito geral. Confundia-se ainda com a ciência e designava toda ânsia de sabedoria, toda cultura intelectual, todo esforço do espírito para enriquecer-se de conhecimentos novos.
5. É esse o conceito de filosofia que vamos encontrar, pela primeira vez, em Heródoto, Tucídides e Xenofonte. Filosofia significa então "amor da verdade sob todas as formas, arte de bem dizer e de bem pensar, tudo o que faz o homem mais humano". Segundo uma tradição, da qual Cícero se fez arauto, o termo filosofia teria sido criado por Pitágoras, no século VI A.C. Antes dele, os filósofos gregos eram denominados sábios. Pitágoras, para quem o nome de sábio só devia convir a Deus, teria escolhido um nome mais modesto — filósofo, isto é, amigo da sabedoria.
6. A filosofia é, assim, em sua origem, uma ciência universal. Para os primeiros sábios gregos, compreendia, não só o que chamamos ciência, isto é, a explicação das cousas, como também o que denominamos sabedoria, isto é, a prática da virtude, a prudência na conduta. Essa sabedoria era, porém, puramente prática e essa ciência toda voltada para o inundo exterior. Inspiravam-se na tradição lírica dos velhos poetas criadores de teogonias que explicavam a história do mundo pela vida dos deuses. Idêntica era a preocupação dos primeiros sábios. Procuravam também elucidar a formação do mundo e o aparecimento do homem sobre a terra. Investigavam a origem das cousas nos elementos, nos átomos ou nos números.
7. Sua filosofia era uma cosmogonia que abrangia todo o domínio do conhecimento humano na época.
8. Com Sócrates, desloca-se o objeto da filosofia. Do conhecimento do mundo passa a visar o conhecimento do homem. A filosofia pré-socrática havia sido essencialmente cosmológica, isto é, voltara-se exclusivamente para a realidade exterior. A filosofia de Sócrates muda de direção, torna-se psicológica, orienta-se para o homem, para a realidade interior. O "conhece-te a ti mesmo" é o ponto de partida da filosofia socrática.
9. Com Platão, a filosofia retoma o caráter de universalidade. É a ciência suprema, a ciência soberana, a que domina todas as outras. Seu objeto não são, como supunha Heráclito, as cousas sensíveis, que se acham num vir- a ser contínuo, num estado de perpétua transformação e que não contêm nenhuma verdade. O objeto da filosofia platônica é o ser necessário e absoluto representado pela Idéia, princípio de verdade para a razão e de existência para as cousas. As Idéias não são, porém, simples representações intelectuais, mas realidades objetivas e eternas, das quais as cousas sensíveis são meros reflexos, imperfeitos e efêmeros. A filosofia de Platão não visa, entretanto, somente investigar o que existe de imutável e de essencial nas cousas, o elemento ideal e absoluto da realidade. É também visão de conjunto, síntese universal e princípio de harmonia para a vida e para o pensamento. Sua finalidade suprema é a pesquisa perpétua da Verdade, da Beleza e da Bondade, através da qual o filósofo se eleva acima da vulgaridade terrena.
10 . Embora rejeitando o idealismo platônico e fazendo da realidade o ponto de partida das suas especulações filosóficas, Aristóteles concorda com Platão quanto ao caráter universal da filosofia. Na concepção aristotélica, a filosofia é a ciência de tudo o que existe e compreende três ordens de conhecimentos: 1) conhecimentos teóricos, que visam a pura especulação — física, matemática, metafísica; 2) conhecimentos práticos, que têm por fim dirigir a ação — ética e política; 3) conhecimentos poéticos, que têm por fim dirigir a produção, isto é, as obras humanas — poética, retórica e as outras artes. Destas ciências, a verdadeira ciência do filósofo, a disciplina filosófica, por excelência, é a metafísica ou filosofia primeira, que seria, mais tarde, chamada de ontologia. Seu objeto é o estudo do ser como tal, dos seus princípios e causas últimas, independente das suas determinações sensíveis. Para Aristóteles, como para Platão, a filosofia, ciência dos princípios, é, assim, ciência universal. Seu âmbito de ação é a essência total da realidade.
11 . Com os Estóicos, a filosofia conserva seu caráter de universalidade, mas recebe definição mais simples e concreta: "ciência das cousas humanas e divinas". E, à maneira de Sócrates, os Estóicos fazem convergir á filosofia para os problemas morais. Seu objetivo principal é pesquisar, pela especulação, os princípios racionais da moral. Essa tendência prática da filosofia se acentua ainda mais com Epicuro que a define como "uma atividade que procura a vida feliz por meio de discursos e raciocínios". Com o advento da helenística, funde-se a cultura grega com a oriental e entra em decadência o pensamento filosófico helênico. A característica desse período crepuscular da filosofia grega é a teosofia. A filosofia se transforma então em misticismo, a ciência confunde-se com a mitologia. Nessa fase agônica do gênio especulativo da Grécia, "o termo filosofia, diz Zeller, perde toda significação precisa".
Em suma, não obstante a variedade das definições, podemos assinalar certos traços comuns que permitem caracterizar o conceito de filosofia entre os gregos. Em primeiro lugar, o filósofo não estuda as ciências particulares por elas mesmas; seu objetivo é colher material para a construção de um sistema. Em segundo lugar, cada sistema é um esforço para conceber o homem e o universo nas suas relações mútuas, para descobrir as leis gerais que dominam a natureza e o espírito. Se a filosofia compreende todas as ciências é para as envolver e ultrapassar, fundindo-se numa unidade. A filosofia não é, portanto, entre os gregos, ciência particular ou soma de conhecimentos; é uma síntese que estuda as cousas enquanto formam um conjunto harmônico e universal; sua finalidade é descobrir os princípios que regem a vida e o mundo. Numa palavra, a filosofia, segundo a expressão de Aristóteles, é a ciência dos princípios e das causas.
O CATOLICISMO E A FILOSOFIA MEDIEVAL
12. A partir dos primeiros séculos da era cristã, a filosofia passa a ser profundamente influenciada pela doutrina cristã. Essa influência é justa e natural. "O advento do Cristianismo, diz Leonel Franca, divide a história do pensamento, como a história da civilização, em duas partes inteiramente distintas. Jesus Cristo não se apresenta ao mundo como um fundador de escola, semelhante a Platão e Aristóteles que investiga, raciocina, discute e propõe a um círculo mais ou menos estreito de iniciados, o seu sistema de idéias, a sua explicação do universo; revela-se como Deus e Salvador que, possuindo a verdade em sua plenitude, a comunica aos homens por meio do seu magistério infalível.
13 . Não é, pois, o cristianismo um sistema filosófico, no sentido rigoroso do termo. Não obstante, íntima e universal foi a influência que exerceu sobre a nova orientação da filosofia. Era natural. Propostas, como infalivelmente verdadeiras, as novas soluções sobre a existência e a natureza de Deus, as suas relações com o mundo, a origem e os destinos do homem, a obrigação e sanção da lei moral, não podiam deixar de ter uma repercussão profunda em toda a filosofia que versa sobre estas mesmas questões ainda que encaradas sob aspecto diverso“. Essa influência salutar e estimuladora do Cristianismo sobre a especulação filosófica, explica a tendência geral da filosofia da Idade Média, desde a patrística à escolástica, em harmonizar a razão com a fé, a filosofia com a teologia.
14. Sto. Tomás e a filosofia medieval. — A filosofia medieval atinge a sua plenitude com Sto. Tomás de Aquino, que corrige e aperfeiçoa o sistema aristotélico, estabelecendo, com admirável precisão, o objeto da filosofia, distinguindo esta da teologia e dando, assim, solução definitiva à questão das relações entre a razão e a fé.
15. Para Sto. Tomás, "filosofia e teologia são duas ciências distintas, não contrárias; a razão e a fé não se hostilizam. De fato, Deus manifesta-nos a verdade de dois modos: diretamente, pela revelação e, indiretamente, subministrando-nos, com as faculdades cognitivas, os instrumentos para adquiri-la. O estudo da verdade revelada é objeto da teologia, o estudo racional do universo é da alçada da filosofia. O objeto material das duas ciências poderá, por vezes, ser comum (a existência de Deus, a espiritualidade da alma, etc. são, ao mesmo tempo, verdades filosóficas e teológicas), mas o aspecto sob o qual o encaram as duas ciências (objeto formal) é sempre diverso, procedendo o estudo do dogma por autoridade e a filosofia por demonstração científica.
16. Assim, para Sto. Tomás, a filosofia é o "conhecimento científico que, pela luz natural da razão, considera as causas primeiras ou as razões mais elevadas de todas as cousas". Mas a filosofia não se confunde com as ciências particulares. A filosofia e as outras ciências têm o mesmo objeto material: tudo o que é cognoscível. A filosofia, porém, considera, formalmente, as causas primeiras, enquanto que as outras ciências consideram, formalmente, as causas segundas.
17 . Desta maneira, Sto. Tomás precisa e completa o conceito aristotélico de filosofia, diferenciando esta da teologia e das ciências particulares. Essa harmonia orgânica entre a filosofia e a teologia assinalada pelo gênio de Sto. Tomás seria mutilada ainda na Idade Média, por Guilherme de Occam, um dos pioneiros da decadência da escolástica que, no século XIV, pretendeu, em vão, erguer barreiras entre a razão e a fé.
FILOSOFIA MODERNA
18. Bacon e Descartes. — Com estes dois filósofos, inicia-se a filosofia moderna, que se orienta em duas direções: a do empirismo e a do racionalismo. Bacon parte da experiência externa, dos dados dos sentidos, para construir o seu sistema especulativo. Descartes, ao contrário, parte da experiência interna, dos dados da razão, do "penso logo existo", para edificar o seu sistema. Daí o motivo pelo qual Bacon reduziu a filosofia às ciências particulares, e Descartes submeteu as ciências particulares à filosofia.
19. Descartes concorda, assim, com os pensadores gregos ao conceber a filosofia como a totalidade do conhecimento científico. Mas, enquanto os gregos dividiam a filosofia em diversas ciências distintas, entre as quais a metafísica era considerada como a ciência filosófica, por excelência, Descartes concebia a filosofia como ciência essencialmente una, da qual a metafísica, a física, a mecânica, a moral, etc. seriam simples ramos. Se Bacon havia feito as ciências particulares absorverem a filosofia, Descartes fazia a filosofia absorver as ciências particulares. Ambos confundiam, por conseguinte, embora por pontos de partida e caminhos contrários, a filosofia e as ciências.
19. De Locke a Kant. — A partir do século XVII, a filosofia tende a se tornar ciência independente e autônoma. Este é o ponto de vista de Locke que inicia a orientação criticista na filosofia moderna. Locke desenvolve as idéias de Bacon e refuta, em nome da experiência, as idéias inatas de Descartes, para considerar a inteligência, ao nascer, como folha em branco, "tabula rasa". Para Locke, o objeto da filosofia deve ser "a análise e a crítica do entendimento humano".

20. A partir de Locke, o conceito de filosofia tende a se restringir cada vez mais. Para Berkeley e Hume, a filosofia é o "estudo da natureza humana" e, para Condillac, é a "análise das sensações". Com o idealismo de Kant, o conceito de filosofia como crítica do conhecimento se afirma de maneira absoluta. Kant refuta o empirismo inglês e o racionalismo cartesiano e considera o objeto da filosofia como sendo a determinação dos elementos "a priori" do conhecimento e da ação. Daí sua definição de filosofia: "legislação da razão humana". Entre os sucessores de Kant, a filosofia, embora mantendo sua individualidade e autonomia, tende, cada vez mais, a reaver sua autoridade de ciência universal. Assim, Fichte considera a filosofia como a "ciência da ciência" ("Wissenschaftenlehre"). Schelling, identificando a natureza e o espírito, como formas do absoluto, defende que o objeto da filosofia é "estudar a natureza no espírito e o espírito na natureza".
Hegel retoma a filosofia da identidade de Schelling para considerar o pensamento como fonte de toda a realidade. Donde sua definição de filosofia: "é a idéia que se pensa ("die sich denkende Idce"), a verdade que se conhece ("die sich wissen-de Wahrheit"). Desenvolvendo a concepção de Kant num sentido mais realista, Herbart considera a filosofia como a "elaboração dos conceitos visando a eliminação das contradições", e Schopenhauer a "ciência dos princípios da razão como fundamento de todo saber".
21. De Reid a Comte. — Enquanto os sucessores de Kant procuram universalizar a filosofia, embora a conservando encerrada nos limites do mundo subjetivo, Reid e seus discípulos negam a possibilidade da metafísica, como ciência dos primeiros princípios, reduzindo a filosofia à psicologia. Essa redução do âmbito da filosofia, ao longo do pensamento moderno, atinge seu último grau com Augusto Comte.
A filosofia de Comte á a negação da filosofia. O princípio básico do positivismo é que só o sensível é real, pois só o sensível pode ser conhecido. "De sua natureza, o homem está destinado a ignorar tudo o que ultrapassa a ordem empírica. Qualquer investigação que pretenda elevar-se acima dos fatos, indagando-lhes a origem, o fim e as causas está de antemão condenada à irremediável esterilidade. O homem só tem um modo de conhecer: o positivo, isto é, o sensível. No estudo dos fenômenos e no descobrimento das relações invariáveis de semelhança e sucessão que os ligam, deve cifrar-se toda nossa atividade intelectual. A metafísica é impossível. Possível é só a ciência positiva".
22. Dessa maneira, Comte renova o erro de Bacon, fazendo as ciências absorverem a filosofia e admitindo que o espírito humano só pode conhecer os fatos e suas leis, os fenômenos e suas relações. Coerente com esse ponto de vista, Comte reduz a filosofia à simples sistematização de conhecimentos, à mera classificação de ciências particulares.
23. De Husserl a Max Scheler. — No século XX, várias correntes filosóficas procuram reagir contra a redução do âmbito da filosofia realizada pelos pensadores modernos de Bacon a Comte. Movidas por uma necessidade natural da inteligência, essas correntes buscam ultrapassar o fenômeno sensível, terreno próprio da ciência, para atingir a substância íntima das cousas, a essência da realidade, que é o campo específico da filosofia.
Assim, Husserl define a filosofia como "ciência descritiva das essências"; Nicolai Hartmann, como "ciência dos objetos sob ponto de vista da totalidade"; Rehmke, como "ciência básica do dado em geral"; Windelbant, como "ciência dos valores universais"; Heiddegger, como "ontologia fenomenológica universal"; Max Scheler como "ato amoroso que põe o núcleo da pessoa humana em contacto com a essência das cousas” Todavia, a maioria das correntes filosóficas contemporâneas não consegue superar as limitações do idealismo kantiano e do positivismo comteano e, se inauguram, num certo sentido "ressurreição" da metafísica, é reduzindo a realidade ao âmbito das idéias ou negando à inteligência o poder de penetrar na intimidade do ser.
24. Conclusão. - Se quisermos uma definição clara e precisa da filosofia, teremos de voltar a Sto. Tomás de Aquino. As definições modernas são inexatas e unilaterais, pois não se baseiam numa visão ampla e profunda da natureza das coisas, nem consideram a realidade universal na totalidade dos seus aspectos. É interessante assinalar que os resultados das investigações cientificas contemporâneas vem confirmando, de certo modo, os pontos de vista de Sto. Tomas, segundo os quais, as conclusões da ciência possuem valor relativo e não passam de aproximações provisórias da realidade.
25. As transformações profundas que a maioria das ciências tem sofrido, desde os fins do século passado, são bem significativas a esse respeito. Segundo o testemunho dos mais famosos cientistas da atualidade, como Poincaré, Meyerson, Eddington, Einsteins, Jeans, a ciência experimental tem um raio de ação limitado. Não penetra na essência da realidade, nem desvenda a natureza intima das coisas. Somente a filosofia é capaz de sondar os mistérios do ser e de formular uma concepção integral do homem, da vida e do universo.



PRIMEIRO ANO - PRIMEIRO BIMESTRE - CÍCERO



APRENDER A ENVELHECER
Não há pior calamidade para o homem que o prazer do sexo, dizia ele; não há flagelo mais funesto que essa dádiva da natureza. A busca desenfreada da volúpia é uma paixão possessiva, sem controle. Ela é a causa da maior parte das traições em relação à pátria, da queda dos Estados, das conivências funestas com o inimigo. Não há um crime, uma prevaricação que a concupiscência não possa inspirar. É por causa dela que se cometem violações, adultérios e outras torpezas. Se a inteligência constitui a mais bela dádiva feita ao homem pela natureza - ou pelos deuses -, o instinto sexual é seu pior inimigo. Onde reina a devassidão, obviamente não há lugar para a temperança; lá onde o prazer triunfa, a virtude não poderia sobreviver. Para fazer compreender isso melhor, Arquitas sugeria que se imaginasse um homem no auge da excitação voluptuosa. Nesse estado de extremo gozo, como poderia formular o menor pensamento, refletir ou meditar legitimamente? Assim, nada é mais detestável que o prazer. Quando ele é intenso e perdura, é capaz de obscurecer totalmente o espírito. Tais foram as palavras pronunciadas por Arquitas durante uma conversação com o samnita Gaio Pôncio (cujo filho triunfou dos cônsules Espúrio Póstumo e Tito Vetúrio em Caudinium). Meu anfitrião, Nearco de Tarento, sempre devotado a Roma, dizia-me tê-las ouvido de seus pais e seus avós. O próprio Platão de Atenas teria assistido a essa conversação: descobri que ele se encontrava de fato em Tarento durante o consulado de Lúcio Camilo e de Ápio Cláudio.
Por que contei tudo isso? Para vos fazer compreender que, se o bom senso e a sabedoria não são suficientes para nos manter afastados da devassidão, cumpre agradecer também à velhice por nos livrar dessa deplorável paixão. A volúpia corrompe o julgamento, perturba a razão, turva os olhos do espírito, se posso me exprimir assim, e nada tem a ver com a virtude. Foi a contragosto que excluí do Senado, sete anos após seu consulado, Lúcio Flaminino, irmão do muito enérgico Tito 1'laminino. Mas julguei ser meu dever sancionar a devassidão. Quando era cônsul na Gália, ele se deixara convencer por uma prostituta, por ocasião de um festim, a decapitar a machado um dos prisioneiros condenados por crime. Enquanto seu irmão fora censor, justamente antes que eu próprio o fosse, ele havia escapado ao castigo. Mas nem Flaco nem eu pudemos tolerar tão escandalosas depravações que somavam ao opróbrio privado a desonra do poder.

Com frequência ouvi pessoas mais velhas - que diziam tê-lo sabido da boca dos velhos quando elas próprias eram crianças - evocarem o testemunho de Gaio Fabrício. Este repetia, sempre com espanto, o que lhe teria dito o tessálio Cíneas, por ocasião de uma embaixada junto ao rei Pirro: havia em Atenas um indivíduo) que, embora gabando-se de ser um sábio, afirmava que a busca do prazer devia determinar todos os nossos atos. Mário Curió e Tibério Coruncânio desejavam vivamente, por sua parte, que os samnitas - e o próprio Pirro - fossem seduzidos pelas teorias desse homem, pois assim, chafurdados na devassidão, eles seriam bem mais fáceis de vencer. Mário Curió fora amigo daquele Públio Décio que, cinco anos antes dele, e cônsul pela quarta vez, havia escolhido a morte para salvar o Estado. Fabrício e Coruncânio também o haviam conhecido, e todos, como o atestam a vida e o heroísmo de Décio, acreditavam firmemente num ideal bastante nobre, naturalmente belo e sublime, para convencer todo homem a devotar-lhe a vida sem considerar o prazer.

Diante da morte
Resta a quarta razão de temer a velhice, a que desola e acabrunha particularmente as pessoas de minha idade: a aproximação da morte. Ela é incontestável. Mas como é lastimável o velho que, após ter vivido tanto tempo, não aprendeu a olhar a morte de cima! Cumpre ou desprezá-la completamente, se pensamos que ela ocasiona o desaparecimento da alma, ou desejá-la, se ela confere a essa alma sua imortalidade. Não há outra alternativa.
Por que eu temeria a morte se, depois dela, não sou mais infeliz, quem sabe até mais feliz? Aliás, quem pode estar seguro, mesmo jovem, de estar ainda vivo até o anoitecer? Mais ainda: os jovens correm mais o risco de morrer que nós. Adoecem mais facilmente, e mais gravemente; são mais difíceis de tratar. Assim, não são muitos a chegar à velhice. Se fosse de outro modo, o mundo viveria melhor e mais razoavelmente, já que a inteligência, o julgamento e a sabedoria são próprios dos velhos, sem os quais jamais teria havido cidades.
Mas retorno à morte que nos espreita. Por que fazer disso motivo de queixa à velhice, se é um risco que a juventude compartilha? De minha parte, foi após o desaparecimento de meu excelente filho que me dei conta de que a morte sobrevêm a qualquer idade; e tu, Cipião, foi após a de teus irmãos, prometidos no entanto a um brilhante futuro.
Alimentaria o jovem, apesar de tudo, a esperança de viver ainda muito tempo, enquanto isso é interdito ao velho? Mas vejam, é uma esperança insensata: que pode haver de mais insano que ter por certo que não o é e por verdadeiro o que é falso?
E o velho, por sua vez, nada mais teria a esperar?
Então sua posição é melhor que a do adolescente. Aquilo com que este sonha, ele já o obteve. O adolescente quer viver muito tempo, o velho já viveu muito tempo! E, grandes deuses!, que quer dizer "muito tempo" para a natureza humana? Tomemos a duração máxima calculada sobre uma vida tão longa quanto a do rei dos tartéssios [antigos habitantes da Andaluzia]. (Li que em Gades [Cádis], um certo Argantônio reinou oitenta e viveu cento e vinte anos.) Mesmo nesse caso, não me decido a considerar "longo" o que de todo modo tem um fim. Quando esse fim chega, o passado desapareceu. Dele vos resta apenas o que vos puderam trazer a prática das virtudes e as ações bem conduzidas. Quanto às horas, elas se evadem, assim como os dias, os meses, os anos. O tempo perdido jamais retorna e ninguém conhece o futuro. Contentemo-nos com o tempo que nos é dado a viver, seja qual for!
Para ser aplaudido, o ator não tem necessidade de desempenhar a peça inteira. Basta que seja bom nas cenas em que aparece. Do mesmo modo, o sábio não é obrigado a ir até o aplauso final.

Uma existência, mesmo curta, é sempre suficientemente longa para que se possa viver na sabedoria e na honra. E se acaso ela se prolonga, não iremos nos queixar, como tampouco fazem os camponeses, de que após a clemência da primavera venham o verão e o outono. A primavera, em suma, representa a dolescência e a promessa de seus frutos; as outras estações são as da colheita, da seara.
Os frutos da velhice, tenho dito e repetido, são todas as lembranças do que anteriormente se adquiriu. Ora, tudo o que é conforme à natureza deve se considerar como bom. Que há de mais natural para um velho que a perspectiva de morrer? Quando a morte golpeia a juventude, a natureza resiste e se rebela. Assim como a morte de um adolescente me faz pensar numa chama viva apagada sob um jato d'água, a de um velho se assemelha a um fogo que suavemente se extingue. Os frutos verdes devem ser ,arrançados à força da árvore que os carrega; quando estão maduros, ao contrário, eles caem naturalmente. Do mesmo modo, a vida é arrancada à força aos adolescentes, enquanto deixa aos poucos os velhos, quando chega sua hora. Consinto de tão boa vontade tudo isso que, quanto mais me aproximo da morte, parece que vou me aproximando da terra como quem chega ao porto após uma longa travessia.
Aliás, não há um termo preestabelecido à velhice. Vive-se muito bem enquanto se é capaz de assumir os encargos de sua função e de desprezar a morte. A tal ponto que, nesse domínio, os velhos podem se revelar mais corajosos e mais enérgicos que os jovens. Eis o que respondeu, ao que consta, Sólon ao tirano Pisístrato que lhe perguntava o que lhe dava a força de resistir tão valentemente: "A velhice!". A maneira mais bela de morrer é, com a inteligência intacta e os sentidos despertos, deixar a natureza desfazer lentamente o que ela fez. Aquele que construiu um barco ou erigiu um prédio é o mais indicado para destruí-lo; assim também, é pela natureza que o cimentou que o homem é melhor desagregado. Ora, o cimento dificilmente se desagrega quando é fresco, mas facilmente se é velho. Conclusão: os velhos não devem nem se apegar desesperadamente nem renunciar sem razão ao pouco de vida que lhes resta.
Pitágoras proíbe que abandonemos nosso posto - ou seja, a vida - sem a ordem formal do comandante-em-chefe que no-lo designou - ou seja, Deus. Em seu epitáfio, o sábio Sólon declara, por sua vez, que não deseja morrer sem ser saudado pela dor e pelas lágrimas de seus amigos. Em suma, ele deseja, parece-me, ser amado pelos seus. Mas prefiro muito mais o que disse Ênio:

Que ninguém me homenageie com suas lágrimas, que ninguém chore sobre meu túmulo!

A seu ver, não devíamos nos afligir com a morte, já que ela dava acesso à eternidade. Pode acontecer que se sinta uma certa apreensão no momento de morrer, mas isso dura pouco. Após a morte, ou não há nada, ou essa apreensão se transforma em beatitude. E é desde a adolescência que convém se preparar para o desprezo da morte. Sem essa preparação, nenhuma serenidade é possível. Cada um de nós deve morrer, com efeito; hoje mesmo, talvez. Mas com a obsessão da morte que pode .sobrevir a qualquer momento, como conservar o espírito calmo?

Não creio que seja necessário estender-se sobre esse ponto quando evoco precedentes: não falemos de Lúcio Bruto , que morreu libertando sua pátria, nem dos dois Décio, que lançaram seus cavalos a galope de encontro a uma morte voluntária, nem de Marco Atílio, que marchou ao suplício para respeitar sua palavra dada ao inimigo, nem dos dois Cipião que quiseram, com seus corpos, barrar o caminho aos cartagineses, nem de teu avô, Lúcio Paulo, que pagou com a vida a imprudência de seu colega por ocasião do desonroso desastre de Cannes, nem de Marco Marcelo, que o inimigo mais cruel não ousou privar das honras fúnebres. Falemos de nossas legiões que, como relatei em “As Origens”, partiram ao combate alegres e orgulhosas mas sem esperança de retorno. O que jovens ignorantes e até mesmo camponeses desprezam poderia fazer tremer velhos instruídos?
Em geral, parece-me, perdemos o apetite de viver quando nossas paixões são saciadas. Devem os adolescentes lamentar a perda do que adoravam quando crianças? E poderiam os homens maduros ter saudade do que amavam quando adolescentes? Também eles têm seus gostos, que não são os dos velhos. A velhice, enfim, tem suas inclinações próprias. E estas por sua vez se desvanecem como desapareceram as das idades precedentes. Quando esse momento chega, a saciedade que sentimos nos prepara naturalmente para a proximidade da morte.
Por que eu hesitaria em vos dizer tudo o que penso da morte? Estou tanto melhor situado para compreendê-la à medida que me aproximo dela. Tenho certeza de que vossos pais, o teu, Cipião, e o teu, Lélio, esses homens admiráveis que foram meus .amigos, vivem ainda e daquela verdadeira vida que é a única a merecer esse nome. Encerrados que estamos na prisão de nosso corpo, cumprimos de certo modo uma missão necessária, uma tarefa ingrata: pois a alma, de origem celeste, foi precipitada das alturas onde habitava e se encontra como que enterrada na matéria. É um lugar contrário à sua natureza divina e eterna. Creio que os deuses imortais distribuíram as almas em corpos de homens para ajudar estes a imitarem a ordem celeste, escolhendo a firmeza moral e o espírito de moderação.
Foi refletindo por mim mesmo, mas também graças á autoridade e à notoriedade dos maiores filósofos, que cheguei a essa convicção. Assim descobri que Pitágoras e os pitagóricos - quase compatriotas, outrora chamados filósofos italiotas (da Itália meridional) -jamais duvidaram que nossas almas fossem a emanação do espírito divino que anima o universo. Também me foram expostas as teses sobre a imortalidade da alma desenvolvidas por Sócrates no dia mesmo de sua morte, ele que o oráculo de Delfos (Apolo) proclamara o mais sábio de todos os homens. O que mais? Quereis saber minha convicção, meu sentimento? A substância que engloba uma viva inteligência, uma vasta memória do passado, uma sólida presciência do futuro, tantos talentos, saber e descobertas, não poderia ser mortal. A alma está sempre em movimento: este não tem começo - a alma é seu próprio motor - e não terá fim, pois a alma não abandonará a si mesma. Além disso, como a alma é homogênea por natureza e não contém elemento estranho díspar, ela não pode ser fracionada. Ora, sem fracionamento não há morte possível.
E ademais temos a prova de que os homens sabem o essencial do que devem saber antes mesmo de nascerem. Confrontadas a estudos difíceis, as crianças rapidamente adquirem tantos conhecimentos que parecem não aprendê-los pela primeira vez, mas lembrar-se deles. É mais ou menos o que disse Platão.
Em Xenofonte, Ciro, o Grande, pronuncia estas palavras ao morrer:


“Meus caríssimos filhos, não creiais, quando eu vos tiver deixado, que não serei mais nada e que desaparecerei. Enquanto eu vivia entre vós, não discerníeis minha alma mas compreendíeis, por meus atos e gestos, que ela estava em meu corpo. Estai certos de sua existência, mesmo se nada mais a torna visível.
Os grandes homens, após sua morte, não seriam tão duradouramente venerados se não emanasse de sua alma algo que conserva sua lembrança. Jamais pude acreditar que a alma, viva enquanto habitava o corpo, morresse ao deixá-lo; nem que, ao se evadir do corpo de um insensato, ela permanecesse insensata. Creio ao contrário que, desvencilhada de seu invólucro carnal, voltando a ser pura e homogênea, a alma volta a ser sábia. Aliás, quando o corpo se desagrega, após a morte, percebe-se bem de onde vinham e para onde retornam os elementos que o constituíam. Somente a alma, esteja presente ou não, jamais se mostra.
Vós constatais, além disso, que nada se assemelha tanto à morte quanto o sono. E a alma do adormecido manifesta claramente sua natureza divina: em repouso, relaxada, esta prevê com frequência o futuro. Isso nos dá uma idéia do que ela será no dia em que estiver totalmente livre de sua prisão corporal. Se o que creio é verdadeiro, ele acrescentou, então honrai-me como a um deus. Se a alma, ao contrário, morre com o corpo, é venerando os deuses, organizadores e guardiães do universo, que cultivareis como bons filhos minha lembrança.”

Tais foram as palavras pronunciadas por Ciro no momento de sua morte. Mas vejamos, se o preferirdes, o que se passa entre nós.
Jamais me farão acreditar, Cipião, que teu pai Lúcio Emílio Paulo, o Macedônio, teus dois avós, Paulo Emílio e Cipião, o Africano, seu pai e seu tio, e tantos outros heróis que é inútil citar, tenham se dado tanto trabalho para passar à posteridade se nela não acreditassem. Acaso crês que teria passado meus dias e minhas noites atarefado, em tempo de guerra como em tempo de paz, se julgasse que minha glória se deteria com minha vida? Não teria sido melhor, nesse caso, deixar-me docemente viver, sem esforço nem trabalho? Ignoro a razão, mas minha alma desperta sempre pressagiou o futuro, como se tivesse adivinhado que, uma vez deixada a vida, ela finalmente viveria. Não, se fosse verdade que as almas não são imortais, os grandes homens não desdobrariam tantos esforços para alcançar a glória e a imortalidade.
E se o sábio morre com tanta serenidade enquanto um imbecil morre com tão grande pavor, não será porque a alma do primeiro, lúcida e clarividente, percebe que voa assim em direção ao melhor, enquanto a do segundo, obtusa, é incapaz disso? No que me concerne, grande é minha impaciência de reencontrar vossos pais que estimei e respeitei; de rever todos aqueles que pessoalmente conheci, de conhecer aqueles de quem me falaram, de quem li as façanhas e sobre os quais eu mesmo escrevi. Teriam muita dificuldade, no momento da grande partida, de me reter para me fazer ferver num caldeirão como Pélias.***
E, mesmo se um deus me oferecesse generosamente voltar a ser um bebê dando vagidos em seu berço, eu recusaria ser levado de volta ao ponto de partida após ter percorrido, por assim dizer, toda a arena.
Que há portanto de positivo na vida? Não oferece ela sobretudo provações? Seguramente, ela comporta muitas vantagens, mas, seja como for, no final restam apenas a saciedade e o término. Não tenho vontade de queixar-me sobre a morte como o fizeram com freqüência alguns, inclusive entre os sábios; tampouco vou lamentar ter vivido, posto que, minha vida o testemunha, não fui inútil. Aliás, deixo a vida não como quem sai de sua casa mas como quem sai de um albergue onde foi recebido. A natureza, com efeito, nos oferece uma pousada provisória e não um domicílio. Oh, como será bela a jornada quando eu partir para juntar-me, no além, à assembléia divina formada pelas almas, quando eu deixar o tumulto e o lamacento caos deste mundo! Então reencontrarei não apenas todos os homens de quem falei aqui, mas sobretudo meu querido Catão, o melhor de todos, o filho mais amável e o mais respeitoso. Fui eu que queimei seu corpo quando ele é que deveria ter queimado o meu. Mas sua alma não me abandonou; ela vela sobre mim desde aquele lugar aonde ela sabe que devo ir. Viram-me aceitar corajosamente meu luto; não era resignação de minha parte. Eu apenas reconfortava-me à idéia de que a separação e o afastamento seriam de curta duração.


***As filhas de Pélias, sob instigação de Medéia, despedaçaram seu pai e fizeram ferver seus pedaços num caldeirão, acreditando rejuvenescê-lo.


PRIMEIRO ANO - PRIMEIRO BIMESTRE - DAVID HUME – ENSAIO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO



1 - ASSISTA O VÍDEO DA FILOSOFIA DE HUME E  FAÇA UM RELATÓRIO NO CADERNO;

Ser Ou Não Ser - David Hume, Experimentar O Mundo Como Criança - Viviane Mosé - Globo - Fantástico 
http://www.youtube.com/watch?v=kfAVg4KIdio


2 - LEIA O TEXTO DE HUME E FAÇA UM RESUMO NO CADERNO;

SEÇÃO II
DA ORIGEM DAS IDÉIAS
Cada um admitirá prontamente que há uma diferença considerável entre as percepções do espírito, quando uma pessoa sente a dor do calor excessivo ou o prazer do calor moderado, e quando depois recorda em sua memória esta sensação ou a antecipa por meio de sua imaginação. Estas faculdades podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos, porém nunca podem alcançar integralmente a força e a vivacidade da sensação original. O máximo que podemos dizer delas, mesmo quando atuam com seu maior vigor, é que representam seu objeto de um modo tão vivo que quase podemos dizer que o vemos ou que o sentimos. Mas, a menos que o espírito esteja perturbado por doença ou loucura, nunca chegam a tal grau de vivacidade que não seja possível discernir as percepções dos objetos. Todas as cores da poesia, apesar de esplêndidas, nunca podem pintar os objetos naturais de tal modo que se tome a descrição pela paisagem real. O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada.
Podemos observar uma distinção semelhante em todas as outras percepções do espírito.Um homem à mercê dum ataque de cólera é estimulado de maneira muito diferente da de um outro que apenas pensa nessa emoção. Se vós me dizeis que certa pessoa está amando, compreendo facilmente o que quereis dizer-me e formo uma concepção precisa de sua situação, porém nunca posso confundir esta idéia com as desordens e as agitações reais da paixão. Quando refletimos sobre nossas sensações e impressões passadas, nosso pensamento é um reflexo fiel e copia seus objetos com veracidade, porém as cores que emprega são fracas e embaçadas em comparação com aquelas que revestiam nossas percepções originais. Não é necessário possuir discernimento sutil nem predisposição metafísica para assinalar a diferença que há entre elas. Podemos, por conseguinte, dividir todas as percepções do espírito em duas classes ou espécies, que se distinguem por seus diferentes graus de força e de vivacidade. As menos fortes e menos vivas são geralmente denominadas pensamentos ou idéias. A outra espécie não possui um nome em nosso idioma e na maioria dos outros, porque, suponho, somente com fins filosóficos era necessário compreendê-las sob um termo ou nomenclatura geral. Deixe-nos, por tanto, usar um pouco de liberdade e denominá-las impressões, empre gando esta palavra num sentido de algum modo diferente do usual. Pelo termo impressão entendo, pois, todas as nossas percepções mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou que remos.
E as impressões diferenciam-se das idéias, que são as percepções menos vivas, das quais temos consciência, quandorefletimos sobre quais quer das sensações ou dos movimentos acima mencionados.
A primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade. Formar monstros e juntar formas e aparências incongruentes não causam à imaginação mais embaraço do que conceber os objetos mais naturais e mais familiares. Apesar de o corpo confinar-se num só planeta, sobre o qual se arrasta com sofrimento e dificuldade, o pensamento pode transportar-nos num instante às regiões mais distantes do Universo, ou mesmo, além do Universo, para o caos indeterminado, onde se supõe que a Natureza se encontra em total confusão. Pode–se conceber o que ainda não foi visto ou ouvido, porque não há nada que esteja fora do poder do pensamento, exceto o que implica absoluta contradição.
Entretanto, embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada,verificaremos, através de um exame mais minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de ouro, apenas unimos duas idéias compatíveis, ouro e montanha, que outrora conhecêramos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, pois o sentimento que temos de nós mesmos nos permite conceber a virtude e podemos uni-la à figura e forma de um cavalo, que é um animal bem conhecido. Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas ou internas; mas a mistura e composição deles dependem do espírito e da vontade. Ou melhor, para expressar-me em linguagem filosófica: todas as nossas idéias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas.
Para prová-lo, espero que serão suficientes os dois argumentos seguintes. Primeiro, se analisamos nossos pensamentos ou idéias, por mais compostos ou sublimes que sejam,
sempre verificamos que se reduzem a idéias tão simples como eram as cópias de sensações precedentes. Mesmo as idéias que, à primeira vista, parecem mais distantes desta origem mostram-se, sob um escrutínio minucioso, derivadas dela. A idéia de Deus, significando o Ser infinitamente inteligente, sábio e bom, nasce da reflexão sobre as operações de nosso próprio espírito, quando aumentamos indefinidamente as qualidades de bondade e de sabedoria. Podemos continuar esta investigação até a extensão que quisermos, e acharemos sempre que cada idéia que examinamos é cópia de uma impressão semelhante. Aqueles que dizem que esta afirmação não é universalmente verdadeira, nem sem exceção, têm apenas um método, e em verdade fácil, para refutá-la: mostrar uma idéia que, em sua opinião, não deriva desta fonte. Incumbir-nos-ia então, se quiséssemos preservar nossa doutrina, de mostrar a impressão ou percepção mais viva que lhe corresponde.
Segundo, se ocorre que o defeito de um órgão prive uma pessoa de uma classe de
sensação, notamos que ela tem a mesma incapacidade para formar idéias correspondentes.
Assim, um cego não pode ter noção das cores nem um surdo dos sons. Restaurai a um deles um dos sentidos de que carecem: ao abrirdes as portas às sensações, pos sibilitais também a entrada das idéias, e a pessoa não terá mais dificuldade para conceber aqueles objetos. O mesmo fenômeno ocorre quando o objeto apropriado para estimular qualquer sensação nunca foi aplicado ao órgão do sentido. Um lapão ou um negro, por exemplo, não têm nenhuma noção do sabor do vinho. Apesar de haver poucos ou nenhum caso de semelhante deficiência no espírito, em que uma pessoa nunca sentiu ou que é completamente incapaz de um sentimento ou paixão próprios de sua espécie, constatamos, todavia, que a mesma observação ocorre em menor grau. Um homem de modos brandos não pode formar uma idéia de vingança ou de crueldade obstinada, nem um coração egoísta pode conceber facilmente os ápices da amizade e da generosidade. Em verdade, admitimos que outros seres podem possuir muitos sentidos dos quais não temos noção, porque as idéias destes sentidos nunca nos foram apresentadas pela única maneira por que uma idéia pode ter acesso ao espírito, isto é, mediante o sentimento e a sensação reais.
Há, no entanto, um fenômeno contraditório que pode provar que não é absolutamente impossível que as idéias nasçam in dependentes de suas impressões correspondentes. Acredito que se concordaria facilmente que as várias idéias de cores diferentes que penetram pelos olhos, ou aquelas de sons conduzidas pelo ouvido, são realmente diferentes umas das outras, embora, ao mesmo tempo, parecidas. Ora, se isto é verdadeiro a respeito das diferentes cores, deve sê-lo igualmente para os diversos matizes da mesma cor; e cada matiz produz uma idéia diversa, independente das outras. Pois, se se negasse isto, seria possível, por contínua gradação dos matizes, passar insensivelmente de uma cor a outra completamente distante de série; se vós não admitis a distinção entre os intermediários, não podeis, sem absurdo, negar a identidade dos extremos. Suponde, então, uma pessoa que gozou do uso de sua visão durante trinta anos e se tornou perfeitamente familiarizada com cores de todos os gêneros, exceto com um matiz particular do azul, por exemplo, que nunca teve a sorte de ver. Colocai todos os diferentes matizes daquela cor, exceto aquele único, defronte daquela pessoa, decrescendo gradualmente do mais escuro ao mais claro. Certamente, ela perceberá um vazio onde falta este matiz, terá o sentimento de que há uma grande distância naquele lugar, entre as cores contíguas, mais do que em qualq uer outro. Ora, pergunto se lhe seria possível, através de sua imaginação, preencher este vazio e dar nascimento à idéia deste matiz particular que, todavia, seus sentidos nunca lhe forneceram? Poucos leitores, creio eu, serão de opinião que ela não pode; e isto pode servir de prova que as idéias simples nem sempre derivam das impressões correspondentes, mas esse caso tão singular é apenas digno de observação e não merece que, unicamente por ele, modifiquemos nossa máxima geral.
Eis, portanto, uma proposição que não apenas parece simples e inteligível em si mesma, mas que, se se fizer dela o uso apropriado, pode tornar toda discussão igualmente inteligível e eliminar todo jargão, que há muito tempo se apossou dos raciocínios metafísicos e os desacreditou. Todas as idéias, especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e obscuras; o espírito tem sobre elas um escasso controle; elas são apropriadas para serem confundidas com outras idéias semelhantes, e somos levados a imaginar que uma idéia determinada está aí anexada se, o que ocorre com freqüência, empregamos qualquer termo sem lhe dar significado exato. Pelo contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações, externas ou internas, são fortes e vivas; seus limites são determinados com mais exatidão e não é tão fácil confundi-las e equivocar-nos. Portanto, quando suspeitamos que um termo filosófico está sendo empregado sem nenhum significado ou idéia — o que é muito freqüente — devemos apenas perguntar: de que impressão é derivada aquela suposta idéia? E, se for, impossível designar urna, isto servirá para confirmar nossa suspeita. E razoável, portanto, esperar que, ao trazer as idéias a uma luz tão clara, removeremos toda discussão que pode surgir sobre sua natureza e realidade.


PRIMEIRO ANO – PRIMEIRO BIMESTRE - KANT - CONHECIMENTO PURO E EMPÍRICO




Kant inicia a sua Crítica da Razão Pura anunciando enfaticamente que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência. Isto é justificado pelo fato que não poderia haver outra maneira de adquirir um conhecimento senão pela excitação de nossos sentidos pelos objetos com os quais nos deparamos.

As representações subsequentes destes mesmos objetos serão comparadas, reunidas ou separadas por nossos processos cognitivos, que Kant chama de entendimento, e então a conversão do material bruto que afetou os nossos sentidos em conhecimento das coisas é denominada experiência. Podemos assumir então que nenhum conhecimento é anterior, no sentido temporal, à experiência; todo conhecimento começa por ela.

Porém, de maneira aparentemente contraditória, Kant afirma que a partir disso, não se pode concluir que todo conhecimento surge com a experiência, pois existe uma outra espécie de conhecimento que é independente da experiência e dos sentidos. O nosso conhecimento empírico é um composto daquilo que adquirimos através dos sentidos e daquilo que nossa cognição lhe adiciona, sendo este adicional difícil de notar se não for desenvolvida uma habilidade em identificar estes conhecimentos distintos. Este conhecimento independente é chamado de “a priori”, em contraste com o tipo de conhecimento que se dá através da experiência, a saber, conhecimento “a posteriori”.

Existem também aqueles conhecimentos que derivam indiretamente da experiência, isto é, são derivados de uma regra geral que, por sua vez, foi adquirida através da experiência. Como, por exemplo, se destruirmos as estruturas de uma casa, saberemos “a priori” que a casa cairá, mas apesar de ser um conhecimento anterior à experiência não se pode dizer que é um conhecimento a priori, pois o conhecimento de que corpos pesados caem quando não possuem sustentação é um conhecimento empírico. O termo a priori é utilizado deliberadamente neste sentido na linguagem coloquial, mas é filosoficamente incorreto.


A questão acerca da possibilidade de um conhecimento absolutamente independente dos sentidos não é discutida com profundidade nesta seção. Mas assumindo que tais conhecimentos são possíveis, é preciso estar atento para a existência do conhecimento a priori puro e do conhecimento a priori impuro. Puro é o conhecimento que dispensa qualquer empirismo em suas fontes. Kant finaliza a seção com o famoso princípio “Toda mudança tem uma causa”, e o caracteriza como a priori, mas impuro, pois o conceito de mudança apenas pode ser extraído da experiência.

video 1
https://www.youtube.com/watch?v=DMMLMoQ1AzE







PRIMEIRO ANO – PRIMEIRO BIMESTRE - Lógica da pesquisa científica



1) assista os videos
 video 1
https://www.youtube.com/watch?v=iamEsN_Ap9Q

https://www.youtube.com/watch?v=3WL1Ybhs4C0


2) faça o seminário de tempo lógico;


KARL POPPER
Prefácio- A filosofia não tem estrutura organizada e o filósofo raramente encontra problemas genuínos.


Capítulo 1- colocação de alguns problemas fundamentais.
Popper diz que a ciência formula enunciados verificáveis. A lógica da pesquisa científica tem como tarefa a análise lógica dos métodos das ciências empiristas. Essas ciências empregam o método indutivo. Popper critica esse método, dizendo não haver lógica na inferência de enunciados singulares. A indução é um método de raciocínio que vai do particular ao geral. Como seus resultados são de origem empírica e de ordem probabilística, Popper afirma que seus resultados não são necessariamente verdadeiros
O problema da indução indaga a validade da mesma. Toda afirmação com base na experiência é singular, e não universal. Kant chamou a atenção para isso dizendo serem os juízos a priori os fundamentos da ciência, por serem universais e necessários.
Para justificar as inferências indutivas, deve-se estabelecer o princío da indução, que busca ordenar as inferências de modo lógico. Popper diz que o princío da indução não e analítico, mas sintético. Kant havia postulado que no analítico, o predicado está contido no sujeito e no sintético, não, apesar de predicado e sujeito estarem conectados. Só o sintético acrescenta algo ao conhecimento.
Popper sustenta que "o principio da indução é supérfluo e conduz a incoerências lógicas". Diz que essa incoerência já devia ter fica clara desde Hume. Hume, como seu ceticismo, modificou a lei da causalidade, dizendo que a relação causa e efeito é como uma adequação do intelecto com a coisa, e não existe na natureza.
Popper diz que Kant não alcançou êxito na justificação dos juízos sintéticos a priori. Kant havia falado que tais juízos são a base de ciências como a matemática e a física. Popper cita Reichenbach, que fala favoravelmente do método indutivo. O apriorismo tem origem na probabilidade da indução. É uma redução por exemplo, o juízo: "a casa rosa é casa", pois comete uma redundância, apesar de ser verdadeiro e necessário, mesmo que não haja nenhuma casa no mundo. Popper defende contra esse, o método dedutivo de prova, em que a "hipótese só admite prova empírica".
A lógica do conhecimento científico (Popper abandona aqui o termo pesquisa, e adota o que viria a ser título de um livro seu) analisa a justificação de validade, e não as questões de fato. Popper diz que discutirá o caminho entre uma ideia nova e a metodologia em que ela deve ser posta a prova sobre o ponto de vista lógico. É uma tarefa epistemológica. Ele afirma que toda descoberta tem uma intuição criadora de um elemento racional.
A partir de uma ideia nova podemos tirar deduções lógicas, que são comparadas com outras conclusões, de onde se tira relações lógicas. Popper identifica quatro maneiras de submeter uma teoria à prova. São elas:
• a) Comparação de conclusões.
• b) Investigação da lógica da teoria.
• c) Comparação com outras teorias.
• d) Confirmação pelas experiências.
A última visa o resultado pragmático da teoria. Outros resultados são deduzíveis da teoria. Poderíamos dizer que esse resultado deduzível também põe a teoria a prova, necessitando serem lógicos. Esse processo foge a lógica indutiva. Popper a refuta porque não proprociona " critério de demarcação" adequado. Esse critério distingue as ciências empíricas das apriorísticas (como a geometria e a física). Para os epistemologistas, o empirismo tende a ir para a indução. Isso se plica ao positivismo.
Os positivistas, diz popper se empenham em demonstrar que a metafísica, por não ser empírica, é vazia de significado, ou "puro sofismas e ilusões", citação de Hume por Popper. (Investigação Sobre o entendimento humano, Hume) Assim, os positivistas "reiteram o critério de demarcação de sua lógica indutiva"

Wittgenstein, coloca Popper, também fez isso pois para ele as proposições significativas podem ser reduzidas par proposições elementares. O critério de signifcatividade de Wittgenstein leva a crer serem desprovidas de sentido as leis naturais, tão importantes para Einstein. Popper gostava de Física, e chegou a ser professor dessa doutrina. Wittgenstein desenvolveu a teoria da significação e da linguagem. Sua filosofia é essencialmente da linguagem, que é o limite do homem, a maneira de como ele pode significar sua percepção através da linguagem.
Popper fala que os positivistas falharam em seu critério de demarcação, pois chegaram a conclusão de qua ambos são sem significados.
O critério de demarcação de popper busca uma convenção. Ele não pretende matar a metafísica, mas fala que uma tarefa da lógica do conhecimento é elaborar um conceito de ciência empírica. A ciência empírica trata do mundo da experiência, o mundo rela para Popper. O sistema teórico de Popper para esse assunto busca ser sintético, não contraditório, e busca “satisfazer o critério de demanrcação" e busca ser diferentes de sistemas semelhantes, submentendo-o à provas e ao método dedutivo.
Como rejeita a dedução, Popper coloca que as teorias nunca são empiricamente verificáveis. Mas apesar disso, Popper só considera um sistema se ele for confirmado pela experiência. O critério de marcação não deve usar a verificabilidade, mas a falsibilidade para analisar um sistema. Popper não admite como empíricos só os juízos considerados inegáveis mas também os válidos em apenas um sentido (como queria Hume) e os tautológicos.
Os problemas de base empírica não pertencem à lógica do conhecimento, mas Popper tratará disso em seu livro. Ele enfatiza que enunciados só podem ser justificados logicamente por outros enunciados. Mas Popper recusa a psicologia empírica e a separa da metodologia e lógica. Deve-se distinguir nossas experiências subjetivas das relações lógocas objetivas. Popper adota a definição de Kant para sujeito e objeto, mas recria a noção de objetividade dos enunciados científicos (que não são verificáveis mas devem serem postos à prova) ao dizer que eles são válidos se podem "ser intersubjetivamente ser submetidos a um teste".
Kant falava que o subjetivo é relativo aos nossos sentimentos de convicção. Só com a repetição de fenómenos podemos pô-lo à prova. O subjetivo não pode nunca anunciar um enunciado como lei, por mais forte que seja o sentimento de convicção. Kant falava que a relação sujeito-objeto é deturpada pelo entendimento. A disposição da percepção do sujeito molda o modo como ele percebe o objeto. Esse argumento, que está próximo do idealismo é considerado a revolução copernicana realizada por Kant na filosofia. Kant dizia também que como a relação é afetada pelo entendimento do sujeito, ele nunca chega a conhecer a realidade tomada nela mesma, a "coisa em si". Quando tomo contato com uma coisa, eu penso ela.
Se se concorda com o fato de serem válidas apenas apenas os enunciados objetivos, ous passíveis de teste intersubjetivos, não existem enunciados definitivos da ciência, conforme Popper. E os empiristas, como poderão ser objetivos, se a experiência é pessoal? Concluindo o capítulo 1, Popper fala que "sistemas de teorias são submetidos à testes, deles se deduzindo enunciados de menor universalidade", que devem ser passíveis de testes intersubjetivos, que por sua vez devem ser suscetíveis de teste, assim ao infinito.


PRIMEIRO ANO - PRIMEIRO BIMESTRE - A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS




 THOMAS KUHN

https://www.youtube.com/watch?v=2SoodFbCb20&start_radio=1&list=RD2SoodFbCb20


Ciência normal - Pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações cientificas passadas. São reconhecidas pela comunidade cientifica por algum tempo.

Estudo do paradigma - Realizações abertas para deixar todas as espécies de problemas serem resolvidos pelo grupo de praticantes da ciência.

Pré-requisitos para a ciência normal - Comprometimento e o consenso aparente, isto é a continuação de uma tradição de pesquisa determinada.

Candidato a paradigma - Todos os fatos pertinentes ao desenvolvimento de determinada ciência tem a possibilidade de parecem relevantes.

Para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada.

O novo paradigma implica uma definição nova e mais rígida do campo de estudos.

No seu uso estabelecido, em paradigma é um modelo ou padrão aceito

Na ciência um paradigma raramente e suscetível de reprodução.

O sucesso de um paradigma, é uma promessa de sucesso. A ciência normal consiste na atualização dessa promessa, atualização que se obtém ampliando-se o conhecimento daqueles fatos que o paradigma apresenta como particularmente relevantes, aumentando-se a correlação entre esses fatos e as predições do paradigma e articulando-se ainda mais o próprio paradigma.

A maioria dos cientistas, durante toda sua carreira, ocupa-se com operações de limpeza. Para o autor isto é chamado de ciência normal.

A pesquisa cientifica normal está dirigida para a articulação daqueles fenômenos e teorias já fornecidos pelo paradigma.

O paradigma força os cientistas a investigar alguma parcela da natureza com uma profundidade e de uma maneira tão detalhada que de outro modo seriam inimagináveis.

Para Kuhn "existem apenas três focos normais para a investigação cientifica dos fatos e eles não são nem sempre nem permanentemente distintos".

Classe de fatos que o paradigma mostrou particularmente reveladora da natureza das coisas.

Ao emprega-los na resolução de problemas, o paradigma tornou-os merecedores de uma determinação mais precisa, numa variedade maior de situações.

Diz respeito aqueles fenômenos que, freqüentemente sem muito interesse intrínseco, podem ser diretamente comparados com predições da teoria do paradigma.

Esgota as atividades de coleta de fatos da ciência normal. Consiste no trabalho empírico empreendido para articular a teoria do paradigma, resolvendo algumas de suas ambigüidades residuais e permitindo a solução de problemas para os quais ela anteriormente só tinha chamado a atenção. Essa classe é a mais importante de todas.

Abandonar em paradigma é deixar de praticar a ciência que este define.
O objetivo da ciência normal não consiste em descobrir novidades substantivas de importância capital e se o fracasso em aproximar-se do resultado antecipado é geralmente considerado como um fracasso pessoal do cientista.

Resolver um problema da pesquisa normal é alcançar o antecipado de uma nova maneira. Isso requer a solução de todo o tipo de complexos quebra-cabeças instrumentais, conceituais e matemáticos. O indivíduo que é bem sucedido nessa tarefa prova que é um perito na resolução de quebra-cabeças.

Quebra-cabeças indicam a categoria particular de problemas que servem para testar nossa engenhosidade ou habilidade na resolução de problemas.

O critério que estabelece a qualidade de um bom quebra-cabeça nada tem a ver com o fato de seu resultado ser intrinsecamente interessante ou importante.

Ao contrário, os problemas realmente importantes em geral, não são quebra-cabeças.

Uma vez engajado em seu trabalho, sua motivação passa a ser bastante diversa. O que o incita ao trabalho é a convicção de que, se for suficientemente habilidoso, conseguirá solucionar um quebra-cabeça que ninguém até então resolveu ou, pelo menos, não resolveu tão bem.

Para ser classificado como quebra-cabeça não basta a um problema possuir uma solução assegurada. Deve obedecer a regras que limitam tanto a natureza das soluções aceitáveis como os passos necessários para obtê-las.

A ciência normal é uma atividade altamente determinada, mas não precisa ser inteiramente determinada por regras.

As regras, segundo Kuhn, derivam de paradigmas, mas os paradigmas podem dirigir a pesquisa mesmo na ausência de regras.

A determinação de paradigmas compartilhados não coincide com a determinação das regras comuns do grupo. Isto exige uma Segunda etapa, de natureza um tanto diferente. Ao compreende-la, o historiador deve comparar entre si os paradigmas da comunidade e em seguida compará-los com os relatórios de pesquisa habituais do grupo.

A falta de uma interpretação padronizada ou da redução de regras que goze da unanimidade não impede que um paradigma oriente a pesquisa. A ciência normal pode ser parcialmente determinada através da inspeção direta dos paradigmas. Esse processo é freqüentemente auxiliado pela formação de regras de suposição, mas não depende delas. Na verdade, a existência de um paradigma nem mesmo precisa implicar a existência de qualquer conjunto completo de regras.

Os cientistas trabalham a partir de modelos adquiridos através da educação ou da literatura a que são expostos posteriormente, muitas vezes sem conhecer ou precisar conhecer quais as características que proporcionam o status de paradigma comunitário a esses modelos. Para atuarem assim, os cientistas não necessitam de um conjunto completo de regras.

A ciência normal pode ser parcialmente determinada através da inspeção direta dos paradigmas. Esse processo é freqüentemente auxiliar pela formação de regras de suposição, mas não depende dela. Na verdade, a existência de um paradigma vem mesmo precisa implicar a existência de qualquer conjunto completo de regras.

OS cientistas trabalham a partir de modelos adquiridos através da educação ou da literatura. Não necessitam de um conjunto completo de regras.

O período pré-paradigmático, em particular, é regularmente marcado por detalhes freqüentes e profundos a respeito de métodos, problemas e padrões de solução legítimos - embora esses debates sirvam mais para definir escolas do que para produzir um acordo.

Quando os cientistas não estão de acordo sobre a existência ou não de soluções para os paradigmas fundamentais de sua área de estudos, então a busca de regras adquire uma função que não possui normalmente. Contudo enquanto os paradigmas permanecerem seguros, eles podem funcionar sem que haja necessidade de acordos sobre as razões de seu emprego ou mesmo sem qualquer tentativa de racionalização.

A ciência normal não se propõe descobrir novidades no terreno de fatos ou da teoria, quando é bem sucedida, não as encontra

A descoberta começa com a consciência da anomalia, isto é, com o reconhecimento de que, de alguma maneira, a natureza violou as expectativas paradigmáticas que governam a ciência normal. Segue então uma exploração mais ou menos ampla da área onde ocorreu a anomalia. Esse trabalho somente se encerra quando a teoria do paradigma for ajustada, de tal forma que o anômalo se tenha convertido no esperado.

A descoberta de um novo tipo de fenômeno é necessariamente um acontecimento complexo, que envolve o reconhecimento tanto da existência de algo, como de sua natureza.

A percepção da anomalia, isto é um fenômeno para qual o paradigma não prepara o investigador - desempenhou um papel essencial na preparação do caminho que permitiu a percepção da novidade.

Em resumo a decisão de empregar um determinado aparelho e emprega-lo de um modo específico baseia-se no pressuposto de que somente certos tipos de circunstâncias ocorrerão. Existem tanto expectativas instrumentais como teóricas que freqüentemente têm desempenhado um papel decisivo no desenvolvimento científico.

Nem todas as teorias são teóricas paradigmáticas. Tanto os períodos dos pré-paradigmáticos, como durante as crises que conduzem a mudanças em grande escala do paradigma, os cientistas costumam desenvolver muitas teorias especulativas e desarticuladas, capazes de indicar o caminho para novas descobertas. Muitas vezes, entretanto, essa descoberta não é exatamente a antecipada pela hipótese especulativa e experimental. Somente depois de articularmos estreitamente a experiência e a teoria converter-se em paradigma.

Características comuns das descobertas que emergem novos tipos de fenômenos:

Consciência prévia da avaliação;

Emergência gradual e simultânea de um reconhecimento tento no plano conceitual como no plano da observação.

Conseqüente mudança das categorias e procedimentos paradigmáticos.

No desenvolvimento de qualquer ciência, admite-se habitualmente que o primeiro paradigma explica com bastante sucesso a maior parte das observações e experiências facilmente acessíveis aos praticantes daquela ciência.

A anomalia aparece somente contra o pano de fundo proporcionada pelo paradigma. Quanto maiores forem a precisão e o alcance de um paradigma. Tanto mais sensível este será como indicador de anomalias e, conseqüentemente de uma ocasião para mudança de paradigma.

As mudanças que são causadas pelas descobertas, são tanto construtivas como destrutivas.

Depois da assimilação da descoberta, os cientistas encontram-se em condições de dar conta de um numero maior de fenômenos ou explicar mais precisamente alguns fenômenos previamente conhecidos.

A emergência de novas teorias é geralmente precedida por um período de insegurança profissional pronunciada, pois exige a destruição em larga escala de paradigmas e grande alterações nos problemas e técnicas da ciência normal.

A proliferação de versões da teoria é sintoma de crise.

Uma nova teoria surge somente após o fracasso caracterizado na atividade normal de resolução de problemas.
Papel da crise e sua importância: A solução dos problemas como quebra-cabeças, são antecipados, pelo menos parcialmente, em um período no qual a ciência correspondente não estava em crise.

As antecipações foram ignoradas especialmente por não haver crise.

Enquanto os instrumentos proporcionados por um paradigma continuam capazes de resolver os problemas que este define, a ciência move-se com maior rapidez e aprofunda-se ainda mais através da utilização confiante desses instrumentos.

O significado das crises consiste exatamente no fato de que indicam que é chegada a ocasião para renovar os instrumentos.

As crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias.

Embora possam começar a perder sua fé e a considerar outras alternativas, não renunciam ao paradigma que os conduziu à crise, não tratando também da anomalia como contra-exemplos do paradigma.

Uma teoria científica, após ter atingido o status do paradigma, somente é considerada inválida quando existe uma alternativa disponível para substituí-la.

Decidir rejeitar um paradigma é sempre decidir simultaneamente aceitar outro e o juízo que conduz a essa decisão envolve a comparação de ambos os paradigmas com a natureza, bem como sua comparação mútua.

Diferença entre ciência normal e ciência ou estado de crise.

O quebra-cabeça da ciência normal, existe somente porque nenhum paradigma aceita como base para a pesquisa científica resolve todos os seus problemas. Cada problema que a ciência normal considera um quebra-cabeça pode ser visto de outro ângulo: como contra exemplos e portanto fonte de crise.

A crise ao provocar uma proliferação de versões do paradigma, enfraquece as regras de resolução de quebra-cabeças da ciência normal, de tal modo que acaba permitindo a emergência de um novo paradigma.

Uma anomalia parece ser algo mais do que um novo quebra-cabeças, da ciência normal, é sinal de que iniciou a transição para a crise e para a ciência extraordinária.

O desenvolvimento da ciência normal pode transformar em uma fonte de crise uma anomalia que anteriormente não passa de um incômodo.

Todas as crises iniciam com o obscurecimento de um paradigma e o conseqüente relaxamento das regras que orientam a pesquisa normal.

Uma crise pode terminar com a emergência de um novo candidato a paradigma e com uma subseqüente batalha por sua aceitação.

A transição de um paradigma em crise para u, novo, do qual pode surgir uma nova tradição de ciência normal, está longe de ser um processo cumulativo obtido através de uma articulação do velho paradigma.

Ao concentrar a atenção científica sobre uma área problemática bem delimitada e ao preparar a mente científica para o reconhecimento das anomalias experimentais pelo que realmente são, as crises fazem freqüentemente proliferar novas descobertas

Quase sempre, os homens que fazem essas invenções fundamentais são muito jovens ou está há pouco tempo na área de estudos cujo paradigma modificam.

A transição para um novo paradigma é uma revolução científica.

As revoluções científicas são episódios de desenvolvimento não-cumulativo, nos quais um paradigma mais antigo é totalmente ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior.

As revoluções científicas, iniciam-se com um crescimento crescente, também seguidamente restrito uma pequena subdivisão da comunidade científica, de que o paradigma existente deixou de funcionar adequadamente na exploração de um aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo paradigma.

Para descobrir como as revoluções científicas são produzidas teremos, portanto, que examinar não apenas o impacto da natureza e da lógica, mas igualmente as técnicas de argumentação persuasiva que são eficazes no interior dos grupos muito especiais que constituem a comunidade dos cientistas.

A pesquisa normal que é cumulativa, deve seu sucesso à habilidade dos cientistas para selecionar regularmente fenômenos que podem ser solucionados através de técnicas conceituais e instrumentais semelhantes às já existentes.

O homem que luta para resolver um problema definido pelo conhecimento e pela técnica existentes não se limita simplesmente a olhar à sua volta. Sabe o que quer alcançar concebe seus instrumentos e dirige seus pensamentos de açodo com seus objetivos. A novidade não antecipada, isto é, a nova descoberta.

As diferenças entre os paradigmas sucessivos são ao mesmo tempo necessárias e irreconciliáveis.

A recepção de um novo paradigma requer com freqüência uma redefinição da ciência correspondente. Alguns problemas antigos podem ser transferidos para outra ciência ou declarados absolutamente não científicos.

A tradição científica normal, que emerge de uma revolução científica é não somente incompatível, mas muitas vezes verdadeiramente incompatível, mas muitas vezes verdadeiramente incomensuráveis com aquela que a precedeu.

Quando duas escolas científicas discordam sobre o que é um problema e o que é uma solução, elas inevitavelmente travarão um diálogo de surdos ao debaterem os méritos relativos dos respectivos paradigmas.

Guiados por um paradigma, os cientistas adotam instrumentos e orientam seu olhar em novas direções.

Durante as revoluções, os cientistas vêem coisas novas e diferentes quando, empregando instrumentos particulares, olham para os mesmo pontos já examinados anteriormente.

Em período de revolução, quando a tradição científica normal muda, a percepção que o cientista de seu meio ambiente deve ser reeducada - deve aprender a ver uma nova forma, em algumas situações com as quais já está familiarizado.

O que um homem vê depende tanto daquilo que ele olha como daquilo que sua experiência visual-conceitual prévia o ensinou a ver.

Nas ciências, as alterações perceptivas acompanham as mudanças de paradigma, sendo que não podemos esperar que os cientistas confirmem essas mudanças diretamente.

Em vez de ser um intérprete, o cientista que abraça um novo paradigma é como o homem que usa lentes inversoras.

Após as revoluções científicas, a grande parte da linguagem e a maior parte dos instrumentos de laboratório continuam sendo os mesmo do paradigma antigo, embora anteriormente eles eram utilizados de maneira diferente.

Em conseqüência disso, a ciência pós-revolucionária invariavelmente inclui muitas das mesmas manipulações, realizadas com os mesmos instrumentos e descritas nos mesmos termos empregados por sua predecessora pré-revolucionária.

As razões para que as revoluções sejam quase totalmente invisíveis. Grande parte da imagem que cientistas e leigos têm da atividade científica criadora provém de uma fonte de autoritária que disfarça sistematicamente.

Os manais começam truncado a compreensão do cientista a respeito da história de sua própria disciplina e em seguida fornecem um substituto para aquilo que eliminaram. É característica dos manuais científicos conterem apenas um pouco de história.

Os manuais são produzidos somente a partir dos resultados de uma revolução científica. Eles servem de base para uma nova tradição de ciência normal

Na media em que se dedica à ciência normal, o pesquisador é um solucionador de quebra-cabeças e não alguém que testa paradigmas.

Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo com que vejam a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração cresce familiarizada com ela.

É somente através da ciência normal que a comunidade profissional de cientistas obtém sucesso; primeiro, explorando o alcance potencial e a precisão do velho paradigma e então isolando a dificuldade cujo estudo permite a emergência de um novo paradigma.

A alegação isolada mais comumente apresentada pelos defensores de um paradigma é a de que são capazes de resolver os problemas que conduziram o antigo paradigma a uma crise.

Os debates entre paradigma não tratam realmente da habilidade relativa para resolver problemas, embora sejam, por boas razões, expressos nesses termos. Ao invés disso, a questão é saber que paradigma deverá orientar no futuro a pesquisa sobre problemas.

Para que o paradigma possa triunfar é necessário que ele conquiste alguns adeptos iniciais, que o desenvolverão até o ponto em que argumentos objetivos possam ser produzidos e multiplicados.

O termo ciência está reservado, em grande medida, para aquelas áreas que progridem de maneira óbvia.
Examinando-se a questão a partir de uma única comunidade, de cientistas ou não cientistas, o resultado do trabalho criador bem sucedido é o progresso.

Durante o período pré-paradigmático, quando temos uma multiplicidade de escolas em competição, torna-se muito difícil encontrar provas de progresso, a não ser no interior das escolas.

O processo parece óbvio e assegurado somente durante aqueles períodos em que predomina a ciência normal.

O seu estado normal , a comunidade científica é um instrumento imensamente eficiente para resolver problemas ou quebra-cabeças definidos por seu paradigma. Além do mais, a resolução desses problemas deve levar inevitavelmente ao progresso.

Pelo menos para a facção vitoriosa, o resultado de uma revolução de ser o progresso.