Bacharel em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Especialista em Educação no Ensino Superior. Especialista em Filosofia pela UNESP. LICENCIADO EM PEDAGOGIA - UNESP. BACHAREL EM TEOLOGIA PELA FACULDADE DA CONGREGAÇÃO DOS MISSIONÁRIOS CLARETIANOS
SE O TEMPO FOSSE OURO..., TALVEZ PUDESSES PERDÊ-LO. - MAS O TEMPO É VIDA, E TU NÃO SABES QUANTA TE RESTA.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
PRIMEIRO ANO - Terceiro Bimestre - As teorias fundamentais do marxismo.
A doutrina comunista denomina-se marxismo. Seu autor foi o alemão Karl Marx, nascido em Treveres em 1818, e falecido em Londres em 1883. Sua doutrina foi continuada por Frederico Engels e por Lenine, e forma o sistema que hoje se denomina "marxismo-Ieninismo', que é a filosofia do comunismo.
1 - O evolucionismo materialista — teoria marxista.
A base de toda a concepção marxista é o evolucionismo materialista. Ensina o evolucionismo materialista: no universo só existe a matéria. Ela é eterna, necessária. Esta matéria se encontra em um processo de desenvolvimento, partindo da forma mineral e anorgânica em direção de formas mais perfeitas. Uma força cega e irresistível impele a matéria no sentido de aperfeiçoar-se. Cada dia que passa, este processo dá um imperceptível passo à frente. Deus não existe, não existe espírito nem alma. Portanto, não foi Deus que criou a matéria, não foi Ele que estabeleceu um plano de desenvolvimento da matéria imperfeita à procura da maior perfeição. Não há uma inteligência infinita que concebeu um grande plano, nem uma Providencia sabia e onipotente, que dirige o desenrolar das varias fases da historia do universo. O universo evolui para sua perfeição levado por dinamismo interno, do qual Deus está ausente.
Há muitos bilhões de anos o processo começou. Lentamente a matéria foi se organizando e se aperfeiçoando, por uma lei interna. Um dia ela chegou a um estado tão perfeito, que algumas partículas se uniram e deram origem ao primeiro ser vivo, a uma célula, ainda muito imperfeita, mas já viva. Foi o aparecimento da vida. Não foi Deus quem a criou. Ela foi produzida pela matéria cega. Esta vida, porém, não ficou neste estado imperfeito. Algumas células, devido a condições especiais, se foram aperfeiçoando, e assim se originaram seres mais perfeitos, os vegetais. A mesma força cega foi aperfeiçoando os vegetais, e um dia surgiu um vegetal que sentia: era o primeiro animal. Os animais foram se aperfeiçoando até chegarem a formas muito perfeitas. O animal chegou à forma de macaco, que é o ser mais perfeito entre os antepassados do homem. Um dia uma serie de macacos chegou a uma perfeição extraordinária — chegou a ser homem. Ergueu-se sobre as mãos posteriores, os braços correspondentes se transformaram em pernas, seu tronco modificou-se para que pudesse erguer a cabeça e o busto, seu cérebro aperfeiçoou-se, e o macaco começou a pensar e a falar. Eis os primeiros homens, ainda imperfeitos, e primitivos. Estes homens-macacos foram se aperfeiçoando, e hoje se contam quase três bilhões de homens sobre o mundo.
Ao passar de macaco a homem, não foi preciso receber uma alma espiritual e imortal. O marxismo exclui a intervenção de Deus na origem do homem. Nem Deus dirigiu a evolução do corpo, nem criou e infundiu uma alma espiritual no corpo. A razão é simples: não existe Deus, nem existe alma.
Se compararmos os vários estados da matéria, veremos que a partir da forma anorgânica, mineral, ela subiu à forma de vida vegetal, daí passou à vida animal, e por fim chegou à vida intelectual. O cérebro humano é o estado mais perfeito da matéria, que se conhece. Toda a vida que os católicos chamam de espiritual, os marxistas consideram simples secreções do celebro: a vida intelectual, afetiva, volitiva, religiosa, artística. São variações de uma única coisa: a matéria. São secreções reações da massa encefálica, e das glândulas do nosso organismo. O homem é um simples animal bem equipado, diferente dos outros, complicado, porém mais que um animal.
1.1 - O “Dinamismo” da Matéria
Para o marxismo nada existe de estável no universo. Só existe matéria, mas a matéria está em continua mudança, em continuo movimento. De modo especial o ser vivo, orgânico. Não há dois momentos em que ele seja idêntico a si mesmo. Se tomarmos espaços maiores, por exemplo, em relação com o corpo humano, de sete em sete anos ele se mudou completamente. Se falo hoje com um homem, e daqui a dez anos nós dois nos encontrarmos, serão dois corpos completamente novos (com exceção de umas partes mortas dos ossos) que se encontrarão. Não seremos mais nem o "eu" nem o "ele" de hoje.
"O descanso é relativo, o movimento é absoluto" (Politzer, "Principies Fundamentais da Filosofia", edição francesa, p. 24).
O marxismo considera que nada "é", tudo está sob todos os pontos de vista num perpetuo "vir-a-ser".
2. Principio de identidade e de contradição rejeitados — Teoria marxista.
Por conseguinte, os seres não são. Estão continuamente vindo-a-ser, devenindo. O ser não é idêntico a si mesmo. O ser é o que ele não é, e não é o que ele é.
Dentro de cada ser há urna contradição imanente. Em cada ser há ele e o contrario dele. Em cada qualidade há ela e o contrario dela.
A existência da contradição dentro do ser é a causa da continua mudança do ser.
"A dialética é a teoria que mostra como os contrários podem ser e são habitualmente idênticos, em que condições são idênticos convertendo-se um no outro, porque o espírito humano não deve considerar estes contrários como mortos, paralisados, senão como vivos, condicionados, moveis, convertendo-se uns nos outros" (Lenine, apud Jean Ousset, "El Marxismo-Leninismo", p. 93).
Em lugar de procurar conhecer a natureza intima das coisas e as realidades transcendentes (como Deus), em lugar da filosofia, da metafísica e da teologia, o marxismo se interessa somente pela evolução do animal chamado homem, e pelo estudo dos fatores econômicos que provocaram o aparecimento dos outros fatores — sociais, religiosos, culturais, políticos — que determinaram o rumo que tomou a vida dos povos. A Historia materialista é a única ciência que interessa a respeito do homem. Tudo o que a filosofia e a teologia ensinam são quimeras.
Não existe Deus nem espírito. Só existe a matéria. Daí se segue uma conseqüência muito grave: NÃO EXISTE MORAL. EM SI, NÃO HÁ VIRTUDES NEM VÍCIOS. A VERDADE NÃO É BOA NEM MÁ. A MENTIRA NÃO É BOA NEM MÁ. ELA PODE SER ÚTIL OU PREJUDICIAL. MAS NÃO HÁ UMA ORDEM OBJETIVA, UMA MORAL UNIVERSAL QUE OBRIGUE O HOMEM. TUDO É FRUTO DAS SECREÇÕES DO CÉREBRO. É O HOMEM QUE CRIA O BEM E O MAL. Ele é o senhor do bem e do mal, como ele é senhor da verdade e do erro. Para o marxista não há bem nem mal em si. Bom é o que ajuda a Revolução, mau é o que a prejudica. Outra moral não há. Vejamos o que escreve Lenine: "Há uma moral comunista? Certamente, sim. Imaginam que não temos nossa moral, e a burguesia nos acusa de negar toda moral... Em que sentido negamos a moral, a ética? No sentido pregado pela burguesia, que deduz a moral dos mandamentos de Deus... Repudiamos toda moralidade inspirada fora da humanidade, estranha às classes sociais. São só mentiras, velhacarias. Dizemos que nossa moral está inteiramente subordinada aos interesses da luta de classes do proletariado."... Nosso dever é subordinar (à luta de classes) todos os interesses. Nós lhe subordinamos nossa moral comunista. Dizemos: é moral o que contribui para a destruição da antiga sociedade de exploradores" (Lenine, "Obras Completas" — tomo XXV, pp. 465-466 — apud Leon de Poncins, "L'Enygme Communiste", P- 56).
3. Processo histórico — Teoria marxista.
a) Materialismo histórico.
Não havendo senão matéria em mudança continua, não há verdade nem moral. O cristianismo e os antigos se ocupavam com a filosofia, e de modo especial com a metafísica, para conhecerem a natureza intima e ultima dos seres. O marxismo despreza a filosofia e mais ainda a metafísica. Em lugar de ambas interessa-se pela Historia da matéria que alcançou aquele estagio onde ela se chama "homem". A Historia é a ciência fundamental, mas não a Historia que parte da filosofia católica, e sim a que se chama Historia materialista. Mas como ela é a essência do materialismo aplicado ao homem, os marxistas, invertendo os termos, chamam a sua filosofia de materialismo histórico.
A Historia é um movimento continuo da materia-homem, resultante dos conflitos nascidos constantemente das forças da matéria em oposição umas às outras.
b).Materialismo dialético.
As coisas não têm natureza fixa, estável, mas, como ondas tangidas pelo vento para a praia, estão em um continuo fluxo e refluxo causado por aquela força misteriosa que impele o universo a uma perfeição sempre maior. Por isto em cada coisa há uma contradição. A coisa é e não é ao mesmo tempo. Isto vale para todos os seres do universo. Em lugar de identidade dos seres consigo mesmo, o que existe é a contradição do ser em si mesmo. Em lugar da harmonia do universo, do "kosmos", o que há é a perpetua luta. Esta luta é a essência do universo. Para compreender a matéria é necessário encará-la debaixo da luz desta perpetua luta. O materialismo histórico não é um materialismo estático, que considera a matéria parada, mas um materialismo dialético. Ao falarem de dialética, os marxistas não entendem este termo no sentido clássico, de arte de argumentar e discutir. Eles o entendem como a "ciência das leis gerais da mudança, da contradição, tanto no mundo exterior como no mundo do pensamento humano".
Não se trata, pois de um materialismo "contemplativo", mas de uma maneira de conceber o universo como uma matéria em um imenso processo de mudanças. O que interessa são as formidáveis forças, as energias irresistíveis que impelem o universo para frente. O que interessa é conhecer os perpétuos e tremendos conflitos que geram o progresso, a fim de saber agir sobre o processo.
c.) Hegelianismo.
Assim, o marxismo adota a maneira de conceber o universo que o filosofo alemão Hegel ensinou. Tudo se faz em três etapas. Na primeira, o ser parece em repouso. É A TESE. Mas aos poucos a contradição que nele existe começa a aparecer, e põe em choque a tese. EIS A ANTÍTESE. Depois de um período de luta, tese e antítese desaparecem, e surge um novo estado, que parece definitivo. É A SÍNTESE. Mas este estado, que vem a ser uma nova tese, traz em si também sua própria negação, isto é, sua antítese, e assim surge novo conflito, e daí nova síntese. Esta serie de conflitos leva o universo para uma perfeição sempre maior, mas sempre relativa e instável.
4. Conseqüências das doutrinas marxistas.
4.1 O direito.
O marxista conseqüentemente desconhece o Direito. Realmente, se não há Deus que estabeleça uma ordem que a criatura deve respeitar, e se o homem não tem alma, o Direito não existe.
Doutrina marxista.
Não existe tal prerrogativa. O Direito é uma quimera que os homens inventaram, e não precisa ser respeitado. O que realmente existe e é respeitado é a Força.
O marxismo é o materialismo levado a todas as suas conseqüências. Se o homem não tem alma e é apenas um animal mais evoluído, não se distingue essencialmente de um bruto. É diferente dos outros animais, porque anda ereto, tem certas qualidades como a reflexão, o raciocínio, a técnica, a arte, mas tudo isto não passa de coisas materiais. Ora, os animais não têm direito. O direito é uma prerrogativa do ser espiritual. Assim, se o dono dá um osso a seu cão, não se estabelece entre o cão e o osso a relação sagrada do direito. O patrão pode retomar o osso sem violar direito algum. Nem um terceiro pode impedir que o patrão tire o osso ao cão, sob pretexto de que o osso passou a ser propriedade do cão. E se um cão mais forte vier a tomar o osso ao primeiro, não violará o seu direito. O mesmo vale para o homem. Não há direito.
4.2 Alienações — teoria marxista.
Em épocas passadas os homens não compreenderam sua soberana posição, e se privaram desta posição de independência. Alienaram assim a sua própria liberdade. Muitos povos hoje se sentem atados por coisas do passado. Entre elas avultam: as tradições, a vida social, as Forças armadas, a propriedade, as ciências, a família e a Religião.
Vejamos as principais.
a. A maior de todas estas alienações é a Religião. O homem imagina um Deus, um Céu, um inferno, uma moral intangível, que não existem, e diante destas quimeras perde a sua soberana liberdade. Em lugar de ele agir com absoluta desenvoltura, põe limites à vontade, faz isto e deixa de fazer aquilo, pensando que assim deve ser.
b. Outra grande alienação é a propriedade. O homem pensa que o direito
de propriedade é sagrado, e quer que outros respeitem a sua propriedade. Mas ele mesmo, por sua vez, abstém-se de apoderar-se do que pensa que é dos outros. Assim os movimentos da paixão humana da cobiça são tolhidos.
c. Uma terceira grande alienação é a família. A autoridade paterna, que o homem considera vinda de Deus e sagrada, tolhe a liberdade dos filhos. A santidade do lar obriga o homem a respeitar a mulher do próximo, e a castidade o obriga a refrear as próprias paixões. Ele é escravo da idéia da família.
"O homem nasce livre, e, no entanto, por todas as partes está acorrentado", dizia o pai da Revolução, Rousseau.
Assim, o homem criou numerosas cordas com que ligou a si mesmo. O marxismo pretende libertá-lo, e prepará-lo para reger soberanamente os seus próprios destinos.
5. Da primazia do trabalho à revolução.
5.1 O trabalho na teoria marxista.
Não há espírito, não há verdade. O homem não está diante de um ser que ele deve conhecer e reconhecer. Não existe um universo criado de acordo com uma idéia, um Logos. Existe um mundo em continua mudança. O homem intervém neste mundo e o transforma. Esta é a nota característica do homem: o animal que intervém no mundo por sua ação. O homem é "homem" porque age. Enquanto ele age, é homem Cessando de agir, deixa de ser homem. Quanto mais ele age sobre o meio que o cerca, mais homem é. Quanto mais poderosa é a sua ação material, mais homem ele é. Pela ação o homem faz a Historia. A historia humana é a historia da ação produtora do homem. Cada época da Historia se define pela luta entre os homens tangidos pelas forças de produção em choque.
Ser trabalhador é a essência do homem: "homo faber", oposto ao "homo sapiens".
O trabalho não existe para o homem, mas o homem para o trabalho
Pelo trabalho o homem transforma o mundo.
Pelo trabalho o homem transforma a si mesmo. O essencial é, pois, o trabalho, a produção de bens econômicos pela transformação da natureza. Pelo trabalho o homem é criador da humanidade.
Doutrina marxista.
Dentro do quadro do evolucionismo, o homem é um estagio da matéria, mas não é um estagio definitivo. Pelo trabalho ele pode modificar a sua própria natureza. As condições de trabalho têm influencia sobre a própria natureza do homem. Por isto os trabalhadores do século XVI eram homens diferentes dos trabalhadores do século XIX. Será possível, assim, organizar o trabalho humano de tal maneira que surjam homens diferentes dos homens de hoje, mais perfeitos, mais felizes. Uma Nova Humanidade será criada pelo comunismo, tão diferente da humanidade de hoje como esta é diferente dos homens das cavernas, e o homem primitivo era diferente dos macacos. Será o Homem Novo! O comunismo é o limiar da Idade Nova!
5.2 Primazia do econômico — Teoria marxista.
Uma vez que a essência do homem é o trabalho de produção, o que há de mais importante na vida humana é a transformação das coisas em bens úteis ao homem. O econômico é o fundamental.
• Infra-estruturas — Superestruturas.
Nos vários aspectos da vida humana há umas coisas fundamentais e decisivas, outras secundarias e relativas. As coisas fundamentais são aquelas que estão diretamente ligadas à matéria. Tais; a geografia, os transportes, a economia, o clima, a saúde. Podemos resumi-las denominando-as "aspectos econômicos". Elas são a base de tudo. Sobre estas infra-estruturas elevam-se as superestruturas: a vida social, o direito, a religião, as artes, a filosofia, a moral. Estas superestruturas dependem das infra-estruturas, e são conseqüências das mesmas. A certo tipo de economia corresponde certo tipo de sociedade, de moral, de religião e de arte. Não é o direito, a moral, a religião que determinam a economia, mas o contrario.
Mudando-se a economia, cria-se uma crise. As superestruturas vão ficando desajustadas, e aos poucos se trava o conflito entre as estruturas novas que surgem, e as antigas que querem se perpetuar. Por fim, privadas de suas bases, as antigas ruem por
terra.
Assim, mudando-se a economia de um povo, automaticamente também a religião, a moral, o direito serão mudados. Não há religião objetiva, moral absoluta. Tudo isto é relativo, sem valor real, embora tenha grande influencia sobre o comportamento de muitas classes sociais "alienadas".
6. Tomada de consciência.
A tarefa que o marxismo tinha diante de si era iniciar uma violenta reação dos operários contra os patrões. Não lhe interessava melhorar a situação dos operários, como a Igreja estava fazendo. Ao contrario, interessava-lhe que esta situação ficasse ainda pior, que aumentassem a riqueza e o lucro de uns, e a miséria de outros. Mas toda a diferença de situações, por si mesma, ainda não poria os operários em movimento, enquanto eles não se dessem conta da sua condição miserável. Para isto era preciso sacudir o operariado com uma ação revolucionaria para que ele "tomasse consciência" da injustiça de sua situação e da própria força. Note-se que para o marxista, como não existe a verdade e o direito, não é pela comparação da situação de uma classe com normas da justiça que se tem conhecimento da injustiça de uma situação. Tal modo de proceder é próprio da inteligência comum. O marxista só crê na ação. E, por isto, é pela ação que ele leva o operário à idéia de que é explorado. Reivindicações de salários, congressos, greves, revoltas foram os meios usados para fazer o proletariado tomar consciência de que "era roubado".
Elaborando uma doutrina estranha, nova e artificial de Economia Política, o marxismo:
a) procurou convencer os operários de que todo o fruto do seu trabalho lhes pertenceria, e de que o lucro que os patrões e os capitalistas tinham era roubado deles;
b) estabeleceu o principio de que os meios de produção devem ser da coletividade e não dos particulares;
c) procurou provar que no processo econômico existente, o capitalista fica cada vez mais rico, e o operário cada vez mais pobre.
Pregando estas doutrinas aos operários, o marxismo os punha em franca revolta contra a classe dos patrões.
7. Luta de classes.
Esta luta dos operários contra os patrões representa para o marxismo o instrumento infalível para a demolição da sociedade cristã. Aquela força misteriosa que preside à evolução da matéria é reforçada pela luta de classes, e o processo que duraria séculos se acelera, e se faz em poucos anos.
Esta luta deve ser feita de maneira completamente materialista. Nenhum dogma, nenhum decálogo, nenhum motivo religioso, nenhum fim tradicional deve ser tolerado. Luta em torno do pão, em torno do dinheiro, e para tal, luta em torno do poder político. Desde que se deixem envolver nesta luta materialista, os próprios operários católicos se transformarão em materialistas e marxistas.
Se não houvesse a questão operaria, o marxismo procuraria outro pretexto para lançar os mais fracos contra os mais fortes, os de baixo contra os de cima, os do Sul contra os do Norte, os pretos contra os brancos, a fim de, pelo desencadeamento da inveja, da cobiça e do orgulho, lançar os homens à destruição dos valores espirituais
8. Classe proletária.
A luta de classes seria desfavorável para os operários, que são mais pobres, menos cultos, se eles não procurassem o ponto onde são os mais fortes: o numero. Por isto o marxismo vê no surgimento da consciência de que todos os proletários do mundo formam uma só classe, a grande força da Revolução. É este o grito de guerra do Manifesto comunista de 1847: "Proletários de todos os países, uni-vos!".
A única coletividade que o proletário deve reconhecer é a coletividade da classe. Nenhuma outra lhe interessa: nem a Igreja, nem a Pátria, nem o Exército, nem a família. Da união total dos proletários nasce a Classe Proletária. Tudo entre os proletários é comum. Por isto o marxismo se chama comunismo.
Aquela potência material máxima, capaz de criar um mundo novo, destruindo tudo o que se opõe à Revolução, é a Coletividade Proletária, o Estado Comunista.
9. Moral— verdade — propaganda.
Nesta luta pelo poder, todos os meios são lícitos: o importante é realizar a Revolução. Porque o único critério da moral e da verdade é a Revolução. É verdade o que concorre para ela; é mentira o que se opõe a ela ou a dificulta. É bom e licito tudo o que concorre para o seu triunfo; é mau e proibido tudo o que a ela prejudica.
A propaganda tem um grande papel nesta luta. Sua finalidade não é difundir a verdade. Seu fim é pôr em movimento as massas revolucionarias. Por isto a propaganda se serve de todos os meios, mesmo de calunias e mentiras, para "forrar o cérebro" de idéias que provocam a ação revolucionaria.
De outro lado, é preciso tirar da cabeça do povo as idéias que podem paralisar a ação revolucionaria. Não se trata de convencer por razões lógicas, por argumentos e pela apresentação da verdade. O que é preciso é "lavar o cérebro".
10. Idéias.
As idéias interessam muito o marxismo. De novo, interessam não pelo fato de serem verdadeiras ou falsas. Como o marxismo não reconhece a verdade, não lhe interessam as idéias sob este ponto de vista. Mas o marxista sabe que o animal chamado homem possui idéias na cabeça, e que estas idéias provocam ações. Ê sob este ponto de vista que as idéias lhe interessam, e o comunismo desenvolve estudos de psicologia para ensinar a seus técnicos a maneira de se servirem das idéias para provocar, orientar ou impedir as ações. Estas idéias costumam vir envoltas em um clima de emoção irracional, de tal sorte que não é a inteligência do homem que dirige sua ação, mas antes é a parte animal que dirige a parte intelectual. O comunismo chama de idéias irracionais “idéias força”. Exemplo de tais idéias tendes amados Filhos, na parola comuno-nacionalista “o petróleo é nosso”.
11. A dialética em ação — a tese.
Muitas vezes, amados Filhos, ficais perplexos diante das mentiras e contradições dos comunistas. Se vos lembrardes de que o critério supremo da verdade e da moral é o interesse do Partido Comunista, isto é, da Revolução, compreendereis como o comunista pode afirmar hoje uma coisa e negá-la amanhã, louvar hoje uma ação e condená-la depois. A razão é que no processo da Revolução as coisas e os interesses vão mudando conforme as etapas do processo.
É a aplicação da lei hegeliana da tese e da antítese. Para julgar da atitude do comunismo diante de alguma instituição, deveis considerar em que etapa se encontra o processo revolucionário em determinado país.
11.1 A Internacional comunista.
No século passado, num movimento de apostasia total do Cristianismo /Catolicismo, grandes massas de operários, burgueses e intelectuais se uniram numa organização mundial: a "Associação Internacional dos Trabalhadores", a chamada "Primeira Internacional" (Genebra,1866). Tendo-se ela dissolvido por dificuldades internas, os marxistas se constituíram em partidos comunistas, e se organizaram em uma nova "Internacional", denominada de "Terceira" (1921), que nos anos seguintes passou por varias transformações. Sob outro nome ela é a cabeça de uma imensa seita comunista. É uma seita que tem sequazes fanáticos, tem organização centralizada nacional e internacional, e luta pelo poder político e pelo domínio do mundo.
11.2 O partido comunista.
Durante a fase de luta pelo poder em dado país, os comunistas se organizam em partido político, a que pertence apenas a elite. Seu quadro eleitoral costuma ser dez, vinte vezes maior do que o quadro partidário.
11.3 A tese.
A oposição total e a destruição do estado de coisas existente, em tudo o que lembra Deus, lei natural, Cristo e sua Igreja, civilização cristã e tradição, é a tese marxista. É o período da demolição. Para chegar à Revolução é necessário demolir, e para isto é preciso desenraizar o homem e lançá-lo violentamente contra a sociedade cristã.
A). A propriedade.
O primeiro alvo da fúria comunista é a propriedade. Ela nega todo o direito de propriedade, negando a existência mesma do Direito. Mas não é só este o aspecto da propriedade que a seita abomina. Nesta fase da Revolução, o comunismo ataca toda propriedade, mesmo "de fato". Ele abomina a propriedade particular. Por que?
Tem boas razões para abominá-la. Eis algumas:
• A propriedade defende a liberdade do indivíduo diante da coletividade, e o comunismo quer que todo indivíduo esteja nas mãos do Partido, sem vontade própria, como uma rodinha de engrenagem.
• A propriedade cria laços que prendem o homem à terra, à natureza, ao passado, a si mesmo, à família, e a Revolução quer quebrar todos estes laços.
• A propriedade faz o homem pensar em si, em seus interesses, e a Revolução quer absorver todo o interesse do indivíduo.
• A propriedade acaba gerando a desigualdade das classes sociais, e a Revolução excita no coração humano a paixão da inveja, que não quer que um seja mais do que o outro.
Por isto, nesta fase, a Revolução confisca toda propriedade, dizendo que tudo é de todos.
B.) Igualitarismo.
Para levar os proletários e muitos intelectuais e burgueses às suas fileiras, os comunistas, nesta fase de tese, pregam o igualitarismo. Apregoam: "Todos serão iguais, não haverá ricos nem pobres, não haverá classes sociais. Todos serão operários, e nada mais, e assim todos serão irmãos".
E conseguem que inúmeros burgueses se comovam até as lagrimas ante a perspectiva de uma sociedade sem propriedades. Este episódio hodierno lembra os nobres da Revolução Francesa que, entre lagrimas de alegria, renunciaram a seus privilégios feudais, para pouco depois serem decapitados pelos seus "irmãos".
Este igualitarismo, amados Filhos, não só é urna utopia, mas é uma revolta contra os planos de Deus. No entanto, as paixões que ele desencadeia são tão violentas, que são capazes de levar até católicos ao delírio, chegando tais pessoas a ajudar o comunismo a destruir a sociedade cristã para preparar o advento de uma "sociedade sem classes".
C.) Proletarização.
O caminho da Revolução é a destruição da propriedade privada, da iniciativa particular, e uma crescente coletivização e proletarização. Quanto mais o capitalismo mal orientado concentrar a riqueza nas mãos de uns poucos, e espalhar a miséria nas multidões, ou quanto mais o comunismo conseguir, por meio de greves, distúrbios, transtornos, empobrecer um povo, tanto mais fácil será a tarefa da Revolução de conquistar o poder. Quanto maior o numero dos proprietários, pequenos, médios e grandes, quanto maior o apego à propriedade, ao passado, tanto mais difícil o caminho da Revolução. Em contra-partida, a concentração excessiva da terra em mãos de um pequeno numero de proprietários, bem como o hipercapitalismo facilitam o advento da Revolução, porque já realizam a concentração da fortuna nas mãos de uns poucos. Bastará suprimir estes poucos, e estará transferida a fortuna nacional para o Partido.
D.) "Reforma Agrária".
No mundo: Nos países onde há uma grande população agrícola o comunismo vê na "Reforma Agrária" um elemento essencial na luta pelo poder. O homem do campo, seja o grande proprietário, seja o médio ou o pequeno, é um enorme obstáculo para a Revolução. Seu senso agudo de dono da terra, seu espírito religioso, seu aferro às tradições, fazem dele um inimigo tenaz da Revolução. Mas ao lado do obstáculo, o comunismo vê as possibilidades que o campo oferece. No campo existe necessariamente o assalariado. Existe o minifundiário e o pequeno proprietário. A tática comunista da luta de classes procura lançar os assalariados contra os patrões, e os sem-terra, ou donos de pequenas glebas, contra os médios e grandes proprietários. Grita-se até cansar os pulmões: "Latifúndio! Latifúndio! Reforma agrária! Reforma agrária!" Cria-se um clima emotivo, irracional, açulam-se os assalariados, prometem se-lhes terras e prosperidade, envolvem-se os legisladores numa gritaria nacional. Não se define o que é a tal "Reforma Agrária", não se estudam as condições que tornam indispensável a grande e media propriedade, e numa ação revolucionaria conjunta atiram-se os lavradores contra os lavradores, e procura-se escamotear leis que sancionem o avanço sobre as terras alheias. Desta ação o comunismo obtém triplo proveito: lança à ação revolucionaria a classe mais tradicional, destrói o caráter sagrado do direito de propriedade, e atira a nação no caos e na miséria. Nenhuma nação do mundo fez tal tipo de "Reforma Agrária" sem cair no comunismo ou chegar à beira do abismo. Em nenhuma nação tal "Reforma Agrária" deixou de trazer a miséria e a fome. Porém isto entra justamente nos planos da Revolução.
E) Reformas urbana, industrial, comercial e bancaria.
Não só as propriedades rurais são atacadas pelo Partido Comunista e, uma vez ele no poder, são confiscadas. Todos os meios de produção e toda a propriedade imóvel e móvel deve pertencer ao Estado comunista. Reduzida à miséria, dependendo do Estado em tudo, não podendo trabalhar, viajar, comer, vestir-se, estudar, ou tratar a saúde sem a intervenção dos funcionários do Partido, a população inteira do país será escrava na mão dos mais cruéis senhores que o mundo já viu, os tiranos comunistas. Vede Cuba!
F) Religião.
Não precisamos vos dizer, que o maior inimigo que o Cristianismo e também outras religiões jamais tiveram é o comunismo. Em comparação com estes perseguidores, os mais cruéis carrascos romanos, os mais sanguinários algozes da China antiga eram crianças furiosas. O comunismo quer a total destruição do Cristianismo. Enquanto luta para conseguir o poder, ele às vezes aplica a tática da "mão estendida". Procura atrair os cristãos para, enganando-os, com seu apoio conquistar o poder. Chega a afirmar, blasfemando, que Jesus Cristo foi um revolucionário, foi comunista, e que o marxismo realiza a doutrina do Evangelho. Para Lenine "toda idéia religiosa é uma abominação". "A Religião é ópio do povo".
G) Exercito — Pátria.
Quando está no período da tese, da conquista do poder e da demolição da sociedade cristã, o comunismo tem interesse de enfraquecer a resistência da sociedade, e de destruir os laços que ligam o homem às tradições cristãs. Ora, as Forças armadas são um grande obstáculo à Revolução, tanto por se oporem a ela pelas armas, como por criarem um respeito ao direito, à hierarquia, à moral, que é incompatível com a Revolução. Igualmente o amor da pátria suscita energias magníficas que se opõem à entrega dela à Rússia. Por isto, o comunismo leva o cidadão a desprezar seu país e ver na Rússia a sua única pátria. É isto o que explica que um de seus chefes, ex-oficial do nosso Exercito, tenha declarado na Câmara dos Deputados que, em caso de guerra entre o Brasil e a Rússia, ele tomaria armas contra o Brasil. (veja o caso recente da libertação do ex-governador do departamento (Estado) colombiano de Meta Alan Jara, refém por 7 anos das s Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e libertado em 03/02/2009, e ainda criticou o governo da Colômbia e defendeu um acordo com os guerrilheiros).
H) Família.
O comunismo destrói pela base a família. E eis a razão. Não havendo Deus, nem moral, nem direito, o contrato indissolúvel não existe. Mas, além disso, o comunismo tem dois motivos de lutar contra a família e procurar dissolvê-la pelo divorcio e pela imoralidade. A família se opõe à imoralidade. Ora, uma das paixões mais úteis à Revolução para criar homens sem raízes, sem escrúpulos, é a sensualidade desenfreada. De outro lado, a família é o foco das tradições, do amor dos pais, do culto dos antepassados, das virtudes cristãs, do amor de Deus. Pois bem, estas vantagens da família são, aos olhos do comunismo, abomináveis. Ele detesta a família, e a procura destruir pela base, abolindo a sua indissolubilidade, separando os cônjuges pelo trabalho, afastando os filhos do lar, e injetando no coração dos filhos o ódio aos pais não revolucionários.
12 A antítese.
Depois de tomar o poder, continua o comunismo sua luta implacável contra seus inimigos.
12.1 A ditadura do proletariado
Conquistado o poder, o Exercito revolucionário destrói pela violência toda resistência que não pode ser vencida pela astúcia. Em nome do proletariado organiza-se um partido único, comunista, que esmaga ou absorve todos os demais partidos. Confiscam-se todas as propriedades, todos os meios de produção, transporte, crédito.
Abole-se a iniciativa particular, a liberdade de imprensa e de locomoção, a justiça é transformada em arma de opressão revolucionaria. Usando habilmente de duas armas, astúcia e violência, o Partido constrói o Estado totalitário. A ditadura do proletariado, amados Filhos, é um eufemismo que esconde a tremenda realidade. Não são os proletários que governam livremente. Uma quadrilha de malfeitores — o Partido Comunista — domina toda a maquina do Estado, dizendo-se representante e porta-voz do proletariado. Os operários, porém, são escravos. Não têm direito algum. São obrigados a trabalhar exageradamente, recebem um salário miserável, não podem escolher o local de trabalho, moram em condições precaríssimas, não podem reclamar. O perigo de serem denunciados e sumariamente fuzilados ou deportados paira continuamente sobre eles.
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