Segue texto do meu TCC para conclusão do Bacharelado em Teologia, que será apresentado no final do mês de Junho.
Introdução
O
Cristianismo em 2033 entrará, por assim dizer, no seu terceiro
milênio de existência.
A
religião Cristã é sem dúvida um fenômeno social e espiritual
consolidado, mas está longe de ser unânime socialmente e para si
mesmo. É uma religião com 2 bilhões de fiéis, (NOVAES, 2015)
fragmentados em 4 ramos principais (Igreja Católica, Ortodoxa,
Anglicana, Luterana) e milhares de pequenas denominações em um
mundo com 7 bilhões de habitantes entre 1,2 bilhão de muçulmanos,
770 milhões de hindus e 360 milhões de budistas, 1,1 bilhão de
pessoas analfabetas e 1,3 bilhão que são miseravelmente pobres.
(GOUVEA, 2015)
O
Cristianismo é a religião que está mais distribuída ao redor do
mundo, tendo, por isso, um caráter global. Nesse contexto, a Igreja
Católica é a corrente cristã majoritária, (1,1 bilhão de
fiéis), não é a única, mas é certamente um ponto de
referência mundial tanto para os que a admiram ou seguem, como para
aqueles que a odeiam e a perseguem. Pela sua visibilidade mundial,
instituições internas, tradição, e quadros humanos no sentido
da prática da religião de forma institucionalizada e produção de
intelectuais universalistas, é a única instituição cristã de
capaz de manter e reorganizar o Cristianismo no sentido de não
permitir que a mensagem de Cristo se desfigure e se perda entre
fundamentalismos e permissividades, tão a gosto dos desejos
humanos.
O
modelo que se denominou chamar tradicionalmente de Catolicismo,
nada mais é do que a forma que o Cristianismo historicamente
materializou ao cristianizar o Império Romano e os povos bárbaros
em território Europeu.
Durante
o primeiro milênio a pregação apostólica e o advento do
monaquismo, cristianizou a Europa.
Na
segunda metade do segundo milênio, a cristandade começa a entrar em
crise a se fragmentar, a partir da reforma, em centenas de
grupelhos, ao mesmo tempo que se expande pelo impeto missionário
católico, em todo o continente Americano, carregando consigo uma
visão eurocêntrica do mundo que apresenta a Europa como o mundo
humano por excelência, enquanto o restante (o não europeu) é
visto e classificado como a barbárie, a marginalidade, o não-ser.
(DUSSEL, 1992).
Para
o novo continente, vem , junto com a fé em Jesus Cristo, um projeto
de expansão das nações Europeias, precedidas de Portugal, Espanha
e Inglaterra. Esse ímpeto expansionista cobre todo o território
Americano, de norte a sul, além da Africa e Ásia, espalhando
o modo de ser ocidental por, praticamente, todo o Mundo.
O
Direito Romano, a Filosofia Grega, a moral Judaico-Cristã, se
espalham pelos quatro cantos do mundo. Junto com a expansão
territorial, se espalha também o Capitalismo que se cristaliza como
a face econômica desse processo. Ao mesmo tempo que se instala nos
quatro cantos do mundo, o modo de ser ocidental, na mesma proporção
se instala também a crise da civilização ocidental, primeiramente
como crise da cristandade e da religiosidade e na sequencia como a
crise do Estado, da Família, da Economia, da Cultura, das relações
humanas, do meio ambiente, até se poder dizer que vivemos uma crise
global.
Durante
esse processo de expansão e crise da Civilização Ocidental, os
valores que vieram tradicionalmente da religião, como a igualdade,
o liberdade, a fraternidade, passaram para a esfera civil, que
pretende reorganizar a humanidade (desejo de Unidade), calcada nos
valores religiosos em um mundo sem Deus.
Hoje,
pensadores que não são necessariamente tradicionais, nos dizem
que a ordem no mundo deriva do fenômeno religioso (ELIOT, 2012),
(GIRARD, 2008), (VOEGELIN, 2009)
O
que torna o tema do cristianismo e da Igreja Católica como escola
de pensamento desse Cristianismo, pertinente é o fato de
entendermos , junto com esses autores, que dificilmente os valores
cristãos laicizados, serão suficientes para cimentar um novo
modelo social e ecológico, globalizado.
Face
as necessidades de integração humana e ambiental, pensamos que a
Igreja Católica entra definitivamente no espírito do terceiro
milênio com a eleição do Papa Francisco, que vai indicando de
forma um tanto polêmica e sem muitas “prudências”, a
necessidade de retomar a unidade perdida do cristianismo, promover a
proteção do meio ambiente, repensar as posições com relação aos
homossexuais, a postura dos sacerdotes, o ataque ao capitalismo e aos
regimes totalitários de esquerda.
Como
tratar com o “restante” do mundo não europeu? Como tratar
Africa, o mundo Islâmico, os ateus, a ciência, e os excluídos da
sociedade? O que fazer com as chaves do reino? (Evangelho de S.
Mateus, XVI, 19).
1 – A Religião e a Formação da Cultura “Democrática”
O
mundo ocidental se ergueu no processo de erosão do Império Romano
e advento do Cristianismo, que herdou a cultura greco-romana e
judaico-cristã.
Os
Gregos nos legaram a filosofia e a noção de democracia , os Romanos
nos legaram o Direito e as instituições essenciais de nossa
organização política e em grande parte das línguas europeias.
Por
outro lado, o Judaísmo nos legou o Antigo Testamento, obra
monumental, que contém entre outros valores o Decálogo, centro de
nossa concepção moral.
Um
dos mais importantes conceito que o povo hebreu nos legou está no
início das sagradas escrituras que chegaram até nós, coligidas
pela Igreja Católica. É a história da criação do mundo. Apesar
de termos várias teogonias elaboradas por diversos povos, o que
torna o relato da criação descrito no Gênesis especial é a ideia
de que tudo e todos têm uma origem comum. Daí podemos compreender
que, no plano social somos todos irmãos, por outro lado como
universo também é criação de Deus, a ordem observada na natureza
das coisas tem a mesma origem que o Homem e todos os seres humanos
devem ser tratados com o mesmo respeito, porque todos têm uma origem
e um destino comum.
Hoje
essa concepção pode se tornar mais abrangente na perspectiva ética,
devido ao grande mal que o homem vem imprimindo no meio ambiente
desde início da Revolução Industrial. A atual reflexão
teológica, pode nos direcionar para uma ética que supere o homem
como foco, em favor de uma perspectiva cosmológica capaz de
abranger todos os seres vivos, assim como a paisagem todos os
recursos naturais do planeta.
Todas
as religiões antigas ou primitivas ligadas a tribo ou a pólis
tinham regras para tratar o seu povo e outros povos. A concepção
judaica superou essa perspectiva em uma direção mais Universal,
segundo a qual, todos os seres humanos, imagem e semelhança de
Deus, tem, por isso, valor e dignidade infinitos (PINSKY; 1975).
Em
todas as partes do mundo e em todos os períodos da história, a
religião (perspectiva axiológica) e a nação (perspectiva social e
política) estiveram intimamente relacionadas. Por isso em períodos
de expansão Imperial como aconteceu a história de Roma, a questão
da liberdade religiosa ganha grande importância. Sabemos que os
romanos, quando conquistavam um povo, mantinham seus lideres e seus
deuses. Certamente perceberam que a religião não é um conjunto de
crenças abstratas, mas uma explicação última da vida e a maneira
de viver de um grupo de pessoas, e que é o elemento fundamental da
humanidade de uma pessoa. Assim, não privar a pessoa do direito de
praticar a própria religião é manter uma dimensão de sua
dignidade. Não implica aqui se dizer que os romanos respeitavam os
direitos humanos, mas sabiam muito bem que negar certos elementos
essenciais da dignidade humana contribuiria em muito para fomentar a
revolta, como bem podemos observar ao ler “Antígona” de
Sófocles.
A
obra de Sófocles, escrita aproximadamente em 442 a.C. conta o drama
de Antígona. Seus irmãos, Etéocles e Polinices, mataram um ao
outro na luta pelo trono de Tebas. Por isso Creonte se torna Rei e
manda sepultar Etéocles de acordo com a tradição religiosas
enquanto Polinices teria seu corpo deixado exposto para ser devorado
pelos cães e abutres. Antígona se rebela contra Creonte, e, para
tentar sepultar o irmão, deixa claro que não deixará o corpo do
irmão sem os ritos sagrados, mesmo tendo que morrer para isso. A
peça deixa evidente a tensão entre as leis humanas (da Polís) e
as da consciência interior (Leis Divinas). (SÓFOCLES, 2016)
No
início do cristianismo essa prática de liberdade religiosa foi
reivindicada por diversos escritores é promulgada pelo edito de
Milão em 313 d. C. pelo Imperador Constantino, mas em 380 o
Imperador Teodósio publicou o édito de Tessalônica que impôs a
prática do cristianismo em todo Império.
Essa luta entre a consciência individual e a obediência às leis do Estado que permearam o período foi desde a queda do Império Romano até a formação da civilização europeia ocidental. Já no século XIII, aconteceu a revolta que resultou em desentendimentos entre Rei João (O Sem Terra) , contra o Papa e os barões ingleses a respeito das prerrogativas do soberano. O monarca, que o assinou a Magna Carta limitou seus próprios poderes. Com o Descobrimento do Novo Mundo, quando os colonos chegaram à América do Norte, já se estabeleceram nas novas terras sob a égide da liberdade religiosa, como podemos ver uma carta de Maryland Nerdland de 1632 ou na colônia de Rhode Island fundada por Roger Willians, seguidos das concessões de acordos de Nova Jersey em 1677 e a fundação do povoado “Cidade do Amor Fraterno” na Filadélfia. Logo depois, com a Revolução Gloriosa que depôs o rei Jaime II da Inglaterra, obrigou-se o seu sucessor Guilherme de Orange a conceder direitos constitucionais assinados na carta de direitos de 1689.
Seguindo essa tendência John Locke (1632-1704) escreve dois tratados sobre o governo, nos quais fala dos direitos naturais do homem, os direitos à vida, à liberdade e à propriedade. servindo de base para separação dos poderes governamentais, mais tarde explicitados por Montesquieu (1689-1755).
Esse conjunto de fatores influenciou profundamente a situação política na América do Norte e resultou na declaração de independência dos Estados Unidos em 1776, tendo por princípio, que todos os homens são criados iguais com direitos inalienáveis à vida e a busca da felicidade. Em 1774 o congresso das treze colônias americanas redigiu um documento - declaração e resoluções - que colocava o naturalismo como fundamento dos direitos do cidadãos e a carta de direitos da Constituição de Virgínia em 12 de junho de 1776 trazia o princípio de liberdade religiosa, escolha dos governantes, liberdade de imprensa. As cartas de direitos da Pensilvânia, Delaware e Maryland - Carolina do Norte, a Declaração da Independência elaborada por Thomas Jefferson e logo na sequência a revolução na França – Queda da Bastilha 14 de julho de 1789, reproduziram a base da famosa Declaração dos Direitos do Homem em 27 de agosto do mesmo ano.
Essa luta entre a consciência individual e a obediência às leis do Estado que permearam o período foi desde a queda do Império Romano até a formação da civilização europeia ocidental. Já no século XIII, aconteceu a revolta que resultou em desentendimentos entre Rei João (O Sem Terra) , contra o Papa e os barões ingleses a respeito das prerrogativas do soberano. O monarca, que o assinou a Magna Carta limitou seus próprios poderes. Com o Descobrimento do Novo Mundo, quando os colonos chegaram à América do Norte, já se estabeleceram nas novas terras sob a égide da liberdade religiosa, como podemos ver uma carta de Maryland Nerdland de 1632 ou na colônia de Rhode Island fundada por Roger Willians, seguidos das concessões de acordos de Nova Jersey em 1677 e a fundação do povoado “Cidade do Amor Fraterno” na Filadélfia. Logo depois, com a Revolução Gloriosa que depôs o rei Jaime II da Inglaterra, obrigou-se o seu sucessor Guilherme de Orange a conceder direitos constitucionais assinados na carta de direitos de 1689.
Seguindo essa tendência John Locke (1632-1704) escreve dois tratados sobre o governo, nos quais fala dos direitos naturais do homem, os direitos à vida, à liberdade e à propriedade. servindo de base para separação dos poderes governamentais, mais tarde explicitados por Montesquieu (1689-1755).
Esse conjunto de fatores influenciou profundamente a situação política na América do Norte e resultou na declaração de independência dos Estados Unidos em 1776, tendo por princípio, que todos os homens são criados iguais com direitos inalienáveis à vida e a busca da felicidade. Em 1774 o congresso das treze colônias americanas redigiu um documento - declaração e resoluções - que colocava o naturalismo como fundamento dos direitos do cidadãos e a carta de direitos da Constituição de Virgínia em 12 de junho de 1776 trazia o princípio de liberdade religiosa, escolha dos governantes, liberdade de imprensa. As cartas de direitos da Pensilvânia, Delaware e Maryland - Carolina do Norte, a Declaração da Independência elaborada por Thomas Jefferson e logo na sequência a revolução na França – Queda da Bastilha 14 de julho de 1789, reproduziram a base da famosa Declaração dos Direitos do Homem em 27 de agosto do mesmo ano.
2) A Secularização e o Processo degenerativo do Pensamento Ocidental
Como pode humanista se sacrificar qualquer coisa que não seja o homem, conhecer qualquer coisa que não ele? Se sacrificar por algo maior que ele?
O
período anterior chamado de medieval uma unidade carne e espirito,
no sentido de que se conseguia a compreensão da pessoa humana, das
pessoas reais e de Deus . O homem reconhecendo miserável era fecundo
em heroísmo, conhecimento, arte, amor ao próximo. O homem amando
as coisas e nelas o ser as atrai ao humano antes de fazer humano ser
a sua medida. Se trata de um humanismo teocêntrico. O Homem não é
apenas um animal racional, como diria Aristóteles cuja definição
implica em uma concepção dualista de um ser que vive
habitualmente no sentidos ao mesmo tempo que tem aspirações
super-humanas.
Ao mesmo tempo que tem aspirações super-humanas, o homem medieval tem um ambiente cercado redimido e libertado pela graça. É uma pessoa do universo espiritual dotado de liberdade de escolha e constituído de um todo independente que não pede submetido nem natureza nem ao Estado sem sua devida permissão. Deus age no íntimo da pessoa de modo particular delicado respeitando sua liberdade solicitando sua conversão. Por isso os conhecimentos teológicos eram suficientes a Idade Media para ordenar a vida do homem e da sociedade
Ao mesmo tempo que tem aspirações super-humanas, o homem medieval tem um ambiente cercado redimido e libertado pela graça. É uma pessoa do universo espiritual dotado de liberdade de escolha e constituído de um todo independente que não pede submetido nem natureza nem ao Estado sem sua devida permissão. Deus age no íntimo da pessoa de modo particular delicado respeitando sua liberdade solicitando sua conversão. Por isso os conhecimentos teológicos eram suficientes a Idade Media para ordenar a vida do homem e da sociedade
Com
a reforma protestante (1517), esse pensamento pensamento teológico
muda. A influência dos reformadores nos legou uma visão de homem
essencialmente corrompido. Teologicamente a graça de Deus não é
mais vida, é um manto que cobre as suas misérias. Não há mais o
santo que acredita na iniciativa dos seus bons atos em
correspondência à graça. Entra aí um certo pessimismo, o homem
não vale nada, só Deus é grande, o homem passa a se sentir só e
incapaz, condenado a viver essa vida corrupta submetido a uma espécie
de destino, como pré destinação.
O
cristianismo vai desaparecendo na sociedade.
Com
o pensamento de Rousseau (1712 -1778) o homem é bom no estado de
natureza, puro em comunhão com a natureza. ( ROUSSEAU; 2017)
Do
homem natural se espera todas as aspirações e todos os apelos de
uma vida divina. O homem natural espera do mundo natural tudo o que
é divino.
Como
é preciso ser feliz, o homem só faz aquilo que o faz se sentir
feliz no momento.
O
fazer só o que o torna feliz se converte, portanto, em sua própria
ordem interior; e a religião os relacionamentos, ideologia e
consumismo ocorrem nessa perspectiva subjetiva.
O
otimismo inicial da Renascença pelas descobertas científicas,
entusiasmo criador amor a beleza e formas sensuais aos poucos vai se
transformando em pessimismo e existencialismo, a sociedade sofre
revoluções, se afirma o indivíduo, se cai na depressão e no
suicídio. O Homem moderno toma a consciência do que significa
ser humano. Descobre os vícios da religião, da arte, da política,
da ciência e das paixões humanas, por isso, se torna
excessivamente crítico.
Foi
em nome da Autonomia da personalidade que a polêmica racionalista
condenou qualquer intervenção de ordem exterior à revelação, à
graça, à tradição, o bem maior, a realidade objetiva. Esse
humanismo substitui o homem heroico e santo por um homem puramente
natural.
Essa
nova cultura dissocia natureza e graça, razão e fé, conhecimento
e amor; e aos poucos vai dispersar, decompor a pessoa individual em
favor da coletividade e, no o final do processo filosófico racional
submete o homem ao Estado, ordem jurídica perfeita como na
Filosofia de Hegel, (1770 - 1831) ou, a uma sociedade comunista,
como no coletivismo de Marx (1818 -1883)
. Como
vimos, esse humanismo antropocêntrico se desenvolveu em três
etapas.
Primeiro temos o naturalismo cristão dos séculos 15 e 16 que propõe que da virtude da razão deriva a ordem humana, Depois temos a cultura burguesa do século 19 que pretende libertar o homem da superstição das religiões. O homem é bom por natureza e procura segurança na acumulação de bens, riquezas daí o recalque do humano pela matéria. O homem Reina sob a Natureza mas não considera as leis profundas de sua natureza e começa lentamente subordinar o humano ao não humano, à técnica, às energias de ordem material, a terra passa a ser habitada bestas (que exercem mão de obra) ou por deuses (dedicados a um modo de vida superior). A filosofia crítica torna o homem relutante, subordinando a inteligência aos fatos e começam a impor na natureza seus esquemas lógico subjetivos, extrínsecos e não completamente coerentes.
Primeiro temos o naturalismo cristão dos séculos 15 e 16 que propõe que da virtude da razão deriva a ordem humana, Depois temos a cultura burguesa do século 19 que pretende libertar o homem da superstição das religiões. O homem é bom por natureza e procura segurança na acumulação de bens, riquezas daí o recalque do humano pela matéria. O homem Reina sob a Natureza mas não considera as leis profundas de sua natureza e começa lentamente subordinar o humano ao não humano, à técnica, às energias de ordem material, a terra passa a ser habitada bestas (que exercem mão de obra) ou por deuses (dedicados a um modo de vida superior). A filosofia crítica torna o homem relutante, subordinando a inteligência aos fatos e começam a impor na natureza seus esquemas lógico subjetivos, extrínsecos e não completamente coerentes.
O
homem como personalidade livre, espiritual imagem e semelhança de
Deus vai desaparecendo. No século 20, não suportando mais o peso
da máquina que criou, o homem vai se tornando cada vez mais
materialista e ateu, e pretende construir uma nova humanidade nessas
perspectivas.
A Idade Moderna certamente inaugurou um novo período de conquistas, descobertas e de propostas de libertação do homem. Da Conquista da natureza através da ciência e da razão. Pensadores como Bacon, (1561-1626), Bentham (1748-1832) e Marx estavam cobertos de boas intenções e acreditavam na melhoria da condição humana. Os novos processos de produção eram extremamente eficientes é poderiam oferecer a expansão e a satisfação das necessidades materiais do homem, mas e por sua vez, gerou a multiplicação das forças de produção e a capacidade de consumo. Gerou um comportamento completamente completamente diverso daquele estimulado pelo catolicismo tradicional que tinha como um de seus focos conter os desejos. Agora, em nome da economia, surgiriam vários artifícios que estimulavam o consumo ilimitado. Enquanto alguns podiam se alimentar fartamente outros não tinha o que comer. Aquilo que deveria gerar a libertação da humanidade para o exercício de funções mais nobres e superiores, na verdade gerou o ciclo do consumo que lançou o homem moderno em ciclos de confusão frustração e impotência.
A Idade Moderna certamente inaugurou um novo período de conquistas, descobertas e de propostas de libertação do homem. Da Conquista da natureza através da ciência e da razão. Pensadores como Bacon, (1561-1626), Bentham (1748-1832) e Marx estavam cobertos de boas intenções e acreditavam na melhoria da condição humana. Os novos processos de produção eram extremamente eficientes é poderiam oferecer a expansão e a satisfação das necessidades materiais do homem, mas e por sua vez, gerou a multiplicação das forças de produção e a capacidade de consumo. Gerou um comportamento completamente completamente diverso daquele estimulado pelo catolicismo tradicional que tinha como um de seus focos conter os desejos. Agora, em nome da economia, surgiriam vários artifícios que estimulavam o consumo ilimitado. Enquanto alguns podiam se alimentar fartamente outros não tinha o que comer. Aquilo que deveria gerar a libertação da humanidade para o exercício de funções mais nobres e superiores, na verdade gerou o ciclo do consumo que lançou o homem moderno em ciclos de confusão frustração e impotência.
A
expansão mecânica da produção despertou o apetite de riquezas,
poder e sensações .
Esse modo de ver as coisas induziu a uma necessidade contínua de revoluções incessantes em todos os âmbitos da experiência humana, destruiu hábitos seculares, questionou a autoridade os valores tradicionais.
Esse modo de ver as coisas induziu a uma necessidade contínua de revoluções incessantes em todos os âmbitos da experiência humana, destruiu hábitos seculares, questionou a autoridade os valores tradicionais.
A
ideologia utilitária reinterpretou todos os aspectos da vida em
termos pragmáticos. Os valores, a verdade, bondade e beleza eram
claramente desprezados em favor do meramente prático.
Sendo excessivamente prática a mentalidade moderna deixa de pensar a realidade e se foca nas promessas da técnica que pretende dar conforto, eliminar a doença, espaço e até mesmo mortalidade.
Sendo excessivamente prática a mentalidade moderna deixa de pensar a realidade e se foca nas promessas da técnica que pretende dar conforto, eliminar a doença, espaço e até mesmo mortalidade.
Do
outro lado o homem comum se distância da sociedade natural e
orgânica e começa a se deixar absorver cada vez mais pelo
trabalho, em uma perspectiva meramente existencial, como podemos ver
no romance de Èmile Zolá, Germinal de 1885.
Assim
as evoluções que pretenderam libertar os cidadãos de governos
despóticos não vingaram, pois a libertação política emancipou
indivíduo que agora se prende as propostas ilusórias dessa nova
sociedade. Não basta apenas a liberdade, o homem agora quero ser
também rico e se prende inconscientemente às algemas desse
mecanismo de produção. O bem-estar o conduziu mais uma vez a
desigualdades e injustiças. Então, mais uma vez, esse homem não
hesita em se deixar prender nas algemas das ideologias.
O
indivíduo perde as associações que davam corpo e contextura a sua
personalidade na sociedade tradicional. Se tornou um átomo entre
outros milhões de átomos que se anulam diante do Poder organizado
do Estado que dá forma à massa. Anulado, sem identidade fixa,
atômico, só conhece interesse pessoal e tem um único objetivo, a
auto conservação e por isso e vive sob o comando de dois senhores
absolutos, o prazer e a dor. (OTAVIANI, 2017)
Sem
possibilidade de se auto-afirmar o indivíduo só consegue se
identificar e se afirmar no interesse da classe. Dai surge a
tentativa de criar o céu na terra, para a a classe proletária.
As
tentativas dessa emancipação, nos legou um século XX catastrófico,
com genocídios, ideologias totalitárias e a Bomba atômica.
3 - Um mundo Globalizado
Uma
civilização é resultado da ação humana conjunta aliada ao tempo,
por isso não pode ser feita por uma única etnia nem destacada no
tempo, mas é o reflexo de diferentes ideais, que se sedimentaram e
evoluíram através do tempo espaço.
A
conquista do espaço e tempo pelos meios mecânicos e virtuais
contatou geograficamente diferentes civilizações e partes do mundo
e criou uma grande sociedade virtual.
Ao
descrever um início de manhã de um cidadão americano, Ralph
Linton (1893-1953) demonstra em partes essa sedimentação
evolutiva:
“O cidadão
norte-americano desperta num leito construído segundo padrão
originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa
Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de
cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na
Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados
no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na
China. Todos este materiais foram fiados e tecidos por processos
inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos
"mocassins" que foram inventados pelos índios das
florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho
cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e
norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é
vestuário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado
pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que
parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito. Voltando ao quarto,
o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo
europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a
forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes
asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um
processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão
proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de
pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos
xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir
tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita do
vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de
borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um
guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de
feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De caminho para o
breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas,
invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de
elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma
espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga
feita pela primeira vez na Índia do Seul; o garfo é inventado na
Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu
breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da
Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta
abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a
idéia de aproveitar o seu leite são originários do Oriente
Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na
Índia. Depois das frutas e do café vêm waffles, os quais são
bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como
matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia
Menor. Rega-se com xarope de maple, inventado pelos índios das
florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez
como o ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina ou
delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental,
salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa.
Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito
implantado pelos índios americanos e que consome uma planta
originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da
Virginia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente,
pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte
pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê
notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos
semitas, em material inventado na China e por um processo inventado
na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas
estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma
divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem
por cento americano (LINTON apud LARAIA, 1989, p. 110-112).”
Essa
unificação atingiu níveis geográficos e virtuais, mas ainda não
foi capaz de ser efetiva na perspectiva dos relacionamentos
humanos.
As
ideologias modernas falharam na elaboração civilizatória porque
privilegiaram alguns ideais humanos em prejuízo de outros, causaram
um desequilíbrio monumental durante todo o século 20, produziram
genocídios jamais vistos na história da humanidade, o consumismo
e o progresso custaram ao homem o desentendimento ideológico, a
exclusão social e a destruição do meio ambiente.
O
poder
econômico ideológico esquece que a civilização se baseia no
equilíbrio e harmonia de todos. O ideal civilizatório oscila entre
os vários interesses humanos participando de todos os ideais em
todos os tempos. Todos os povos antigos contribuíram em cada fase
histórica para a grande enciclopédia humana que é como um cristal
que reflete a partir da luz branca as sete cores do arco-íris,
símbolo da formidável diversidade na unidade que é o ser
humano.
Acontece que no processo de formação da modernidade, com descoberta do Novo Continente (1492), se estabeleceu uma lógica que passa primeiro pela dominação dos povos indígenas. Antes de Descartes dizer “Eu penso logo existo”, Hernán Cortés (1511) estabeleceu o “Eu conquisto”. O dominador do outro, cultural e economicamente, para colocá-lo a seu serviço é a origem da modernidade que se dá a partir de1492 e que permite que a Europa se afirme como centro. O europeu antes disso não era o centro . A partir daí vai se elaborando uma visão Histórica na qual a filosofia (razão) surge na Grécia, se desenvolve na Europa, e com a modernidade, pensadores como Voltaire, Montesquieu, Kant, Hegel, vão polarizando o pensamento filosófico e a visão histórica.
Acontece que no processo de formação da modernidade, com descoberta do Novo Continente (1492), se estabeleceu uma lógica que passa primeiro pela dominação dos povos indígenas. Antes de Descartes dizer “Eu penso logo existo”, Hernán Cortés (1511) estabeleceu o “Eu conquisto”. O dominador do outro, cultural e economicamente, para colocá-lo a seu serviço é a origem da modernidade que se dá a partir de1492 e que permite que a Europa se afirme como centro. O europeu antes disso não era o centro . A partir daí vai se elaborando uma visão Histórica na qual a filosofia (razão) surge na Grécia, se desenvolve na Europa, e com a modernidade, pensadores como Voltaire, Montesquieu, Kant, Hegel, vão polarizando o pensamento filosófico e a visão histórica.
A
filosofia surgiria na Grécia, se desenvolve na Europa e triunfa na
Alemanha com Hegel e Marx e, nosso história vai sendo focada nos
acontecimentos da Inglaterra , França e Alemanha, e, aos poucos, vão
desaparecendo a Grécia, Portugal e Espanha e, finalmente , surge o
Oriente como um fantasma e uma criação Europeia. A modernidade, o
capitalismo, o colonialismo, e o Eurocentrismo, são simultâneos.
A
filosofia de Hegel e de Heidegger trata do ser no mundo, da
totalidade, não dando conta do Outro , do Oprimido, do Bárbaro, do
não Europeu, do que não pensa em categorias Europeias, que não usa
a razão como ela foi concebida na perspectiva Ocidental.
Para
superar esse Eurocentrismo, Dussel propõe uma mudança de foco.
Temos que levar em consideração o outro, o oprimido, com um método
que já não é mais dialético mas analético.
Aná
em grego, significa 'mais além' e 'mais alto'. O método analético
parte da palavra do outro enquanto livre, como um além do sistema da
totalidade, é a afirmação da existência de um âmbito
antropológico alterativo mais além da Identidade da Totalidade.
O
que está fora da totalidade/eurocentrismo/dominado e, na realidade,
oprimido, tem que se imaginar como não oprimido, isto é, parte de
uma afirmação, abrindo o horizonte utópico para superar uma
negação. Coloca em crise o sentido da Totalidade fechada,
rompendo-a para o outro e se comprometendo a responder a esse
excluído. Assim a Filosofia de Dussel (Filosofia da Libertação)
leva em consideração o Islã, China, África, Egito e repensa a
História através de um horizonte epistemológico.
Por
exemplo, deixa a perspectiva de que de um Teorema de Pitágoras no
âmbito da Filosofia Grega , já que os Egípcios o conheciam 2000
anos antes. Isso nos leva a entender que podem haver
desenvolvimentos de forma que nós não pensamos até agora, com
significados diferentes. Por exemplo, temos que pensar o Poder fora
da perspectiva de Hobbes, Locke e Rousseau, ou seja, um poder que
não seja dominação.
O
foco desse Jus Naturalismo acentuam o papel do indivíduo, mas
historicamente , nunca existimos puramente como indivíduos, mas
sempre como comunidade.
Pensar
fora da perspectiva eurocêntrica, coligir tradições, pensar novos
modelos, que levem em consideração o excluído, eis o desafio
presente. As estruturas pensadas até hoje não dão mais conta de
organizar nossa sociedade. Em 2050 dizem que seremos 10.000.000.000
de pessoas no mundo (G1;2017). Como pensar as relações de
população mundial, numa perspectiva de exclusão social, falta de
moradia, água e alimentos, de conflitos raciais, religiosos e
ideológicos, sem levar em consideração o outro? Seria a
continuidade do conflito e da imposição de uma visão única contra
a visão do outro.
Como
cidadãos de um mundo globalizado, podemos perceber que vivemos
dias de uma crise epocal. Muitos veem esse momento como um “sinal
dos tempos”, como um apocalipse. Muitos cristãos veem esse
momento como se estivéssemos vendo o triunfo do mal, outros tantos
vão simplesmente vivendo dentro do sistema econômico alienante ou
em ditaduras não menos alienantes, ou, em outras palavras, vivemos
sob a perspectiva das mais diversas ideologias dos mais variados
matizes. Mas, todos nós temos problemas reais como a exclusão de
milhares de pessoas dos sistemas sociais, epidemias mundiais, falta
de água, perseguição violenta a cristãos em vários pontos do
mundo, degradação do meio ambiente e a possibilidade de extermínio
da humanidade. A religião fundada por Jesus de Nazaré, parece ter
criado ao longo desses dois últimos milênios uma profusão de
vivencias sociais e espirituais capazes de mover o íntimo do ser
humano no sentido de diminuir o sofrimento humano.
Esses
valores, longe de estarem em crise, parecem ser a semente de novos
modos de viver as relações humanas e de integração do homem com a
natureza criada.
Dos escombros da
cristandade, surgiria uma nova força capaz de animar, organizar e
sarar nossa humanidade?
4 - Vinde a nós o Vosso Reino
Como
vimos, com o advento da modernidade, os homens procuraram novos
ideais para unir os povos. Sabemos que Maquiavel, no seu famoso “O
Príncipe”, começa a estabelecer um contato entre a burguesia que
começava a se fortalecer com a Nobreza no sentido de legitimar o
poder de um soberano que não dependesse do poder divino, mas que
conseguisse administrar a fortuna com base na virtú e assim, o
governante não tem seu poder garantido por leis eternas , mas se
torna sujeito da história que para vencer a fortuna tem que exercer
a virtú , o que implica em não considerar na prática política
os valores cristãos. (MAQUIAVEL; 2017)
Outro
desses ideais, como já vimos, foi a ideia de progresso, mas, sem a
religião, a ciência se torna uma força neutra que se coloca a
serviço do militarismo e da exploração econômica, e se torna
instrumento para criar a monstruosidade. Alias , vemos o prenúncio
dos desastres na produção literária do século XIX. Em
“Frankenstein ou o Moderno Prometeu”, a garota Mary Shelley conta
como Victor Frankenstein , procurando o segredo da vida, acaba por
construir uma criatura, abandonando-a, e depois essa criatura
persegue seu criador e destrói tudo o que ele ama. (SHELLEY, 2017).
Com
a ideia de progresso em pouco tempo os recursos da natureza
estavam sendo exauridos em troca de ganho monetário, as florestas
foram destruídas para fazer jornais mais baratos. A riqueza foi
gerada em níveis jamais pensados antes na história, mas a pobreza
atingiu condições dramáticas. Destituindo as coisas de uma visão
teológica do mundo que tem um fim meramente material, secularizando
os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, e acreditando
que o homem por si só é capaz de uma perfectibilidade moral e
assim crer no progresso ilimitado da raça humana que toma lugar
da fé cristã, demos lugar a todas as utopias que pretendemos
realizar na história.
Isso
nos faz entender melhor o papel da Igreja nesse período de 500
anos que constitui o período moderno. Ela combateu a Reforma, a
Revolução Francesa, o Racionalismo, o Evolucionismo. Antes do
Concilio Vaticano II a Igreja combatia em todas as frentes as
novidades da modernidade, era muito rígida e preocupada com suas
fórmulas doutrinárias, hostil ao mundo mau exterior e exigindo
heroísmo em face ao desafio. Construiu uma fortaleza doutrinária
para melhor responder ao fenômeno crescente da secularização.
Mas,
depois da segunda guerra mundial, já não era mais possível conter
esse processo de secularização. A divisão do mundo entre os
chamados países do primeiro mundo, socialistas e terceiro mundo,
tomou perspectivas dramáticas. As propostas da modernidade já não
eram ideais a serem seguidos, as pessoas começam a aderir a lutar
pelas suas liberdades individuais e o discurso religioso conservador
já não é uma opção para a sociedade em geral
Nesse
Panorama caótico, o recém-eleito Papa João XXIII anunciou em 25 de
janeiro de 1959 o segundo Concílio do Vaticano. A em 25 de
dezembro de 1961, a Constituição Apostólica Humanae Salutis
convoca oficialmente o Concílio e em 11 de outubro de 1962, na
Basílica de São Pedro, o Papa faz o discurso oficial de
abertura:
“O que mais importa ao
Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da
doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. Essa
doutrina abarca o homem inteiro, composto de alma e corpo, e a nós,
peregrinos nesta terra, manda-nos tender para a pátria celeste...Mas
parece-nos que devemos discordar desses profetas da desventura, que
anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente
o fim do mundo. No presente momento histórico, a Providência
está-nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por
obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se
dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados; e
tudo, mesmo as adversidades humanas, dispõe para o bem maior da
Igreja.” (JOÃO XXIII, 2017)
Com
a morte de João XXIII , o Concílio prosseguiu com o Papa Paulo VI,
e produziu quatro Constituições (Dei Verbum, Lumen Gentium,
Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes), Declarações (Gravissimum
Educationis, Nostra Aetate, Dignitatis Humanae) e 9 Decretos (Ad
Gentes, Presbyterorum Ordinis, Apostolicam Actuositatem, Optatam
Totius, Perfectae Caritatis, Christus Dominus, Unitatis
Redintegratio, Orientalium Ecclesiarum, Inter Mirifica).
O
Vaticano II atualizou a Igreja com os temas do mundo contemporâneo,
e proporcionou instrumentos para que ela continue sua missão de
evangelização, numa perspectiva capaz de responder os desafios
desse novo mundo que se formou depois da segunda metade do século
XX.
A
Declaração "Nostra Aetate", documento-chave para criar
novos modos de relacionamento entre as religiões , aprovado ao fim
do Concílio Vaticano II, em 28 de outubro de 1965 e promulgado por
Paulo VI, que mudou a relação com os judeus depois de séculos de
antijudaísmo e acusações de ser o povo responsável pela morte de
Jesus Cristo. 2.221 dignatários da Igreja assinaram esse documento
que tiraram da liturgia da Sexta-feira Santa a expressão "pérfidos
judeus", revisam os ensinamentos católicos sobre o judaísmo,
procurou as raízes judaicas do cristianismo como forma de
aproximação dos judeus,incentivou o estabelecimento das relações
diplomáticas entre a Igreja e o Estado de Israel e uma série de
visitas do Papa a sinagogas, iniciada com São João Paulo II em
1986, que cunhou a expressão "nossos irmãos mais velhos",
ao se referir aos judeus. Além dos judeus, a Declaração também
estabelece novas bases em relação aos muçulmanos e , religiões
não-cristãs como o budismo, os hinduísmo. "A Igreja não
rejeita nada que seja verdadeiro e santo nessas religiões"
(NOSTRA AETATE; 2017)
Foi
o documento que permitiu os históricos encontros interreligiosos de
Assis, na cidade de São Francisco, centro da Itália, em 1986 e 1993
com S. João Paulo II, e Bento XVI em 2011 e a visita do Papa
Francisco a Mesquita Azul de Istambul e a um templo budista em
Colombo, no Sri Lanka, em 2014.
O
decreto Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo salienta que a
divisão das diversas igrejas no panorama da cristandade atual,
apresenta uma diversidade de interpretações da palavra de Deus, que
combatem entre si, escandalizando os cristãos, e contrariando o
espírito do nosso fundador comum, pouco contribuindo para a salvação
do gênero humano. Ao invés de apresentar e reforçar interpretações
contraditórias da palavra de Deus, que servem mais para fortalecer
grupos, e seitas, poderíamos considerar as diversas cristologias,
em suas essências, para incrementar nossa visão da Revelação no
espirito de unidade.
Gaudium
et Spes (Sobre a Igreja no Mundo atual) talvez tenha sido o documento
mais importante produzido pelo Concilio Vaticano. Ele faz com que a
Igreja se identifica com o mundo, pois diz que ”não há realidade
alguma verdadeiramente humana que não encontre eco “no coração
dos discípulos de Cristo” (nº 1); “não mais se apresente como
contrária a ele ao abarcar o gênero humano e sua história” ,
assim, não se dirigia apenas a seus fiéis e ao que invocam o nome
de Cristo “mas a todos os homens” na perspectiva de servir a
todos para salvar, não para julgar, manifestando “solidariedade,
respeito e amor para com a inteira família humana”, na qual o Povo
de Deus está inserido O Decreto Dignitatis Humanae (Sobre a
Liberdade Religiosa), foi talvez o maior desafio a mentalidade
católica pré conciliar. O liberalismo foi duramente criticado
pelos papas desde o final do século XIX:
“Deus é que fez os
homens sociáveis e os colocou num grupo de seus semelhantes, para
que o que sua natureza precisasse, e eles sozinhos não pudessem
obter, encontrassem no convívio social. De onde, é preciso
reconhecer a Deus como criador da sociedade civil, enquanto é
sociedade, e, em conseqüência reconheça ela e lhe cultue o poder e
domínio. Condena, pois, a justiça, condena a razão, que o Estado
seja ateu, ou, o que termina no ateísmo, se mostre indiferente para
as várias, como se diz, religiões, e a todas promiscuamente conceda
os mesmos direitos. (LEÃO XIII, 2017)
A
laicidade maçônica da ordem político-social coloca o indivíduo no
centro da ordem social orientado pela razão autônoma, livre de
qualquer coação externa, contrário ao principio de autoridade.
Portanto o espírito deve procurar por si mesmo a verdade, sem
nenhum obstáculo externo, rumo à “maioridade”. (KANT, 2017)
Esses ideias foram os que constituíram a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão de 1793, que descrevemos no capítulo um.
Embora
, na prática, esses ideais impliquem na rejeição dos dogmas, tão
presentes no ambiente católico e na relativização da verdade, por
outro lado, com a Declaração “Dignitatis Humanae” retoma a
questão da Liberdade religiosa abandonada nos primeiros séculos, e
não contrário aos ensinamentos anteriores , diz :
“Este Concílio
Vaticano declara que a pessoa humana tem direito à liberdade
religiosa. Esta liberdade consiste nisto que todos os homens devem
estar imunes de coação, tanto da parte de pessoas particulares como
de grupos sociais e de qualquer poder humano, e isto de maneira que,
em matéria religiosa, nem se obrigue a ninguém a agir contra sua
consciência, nem se impeça que proceda de acordo com ela em privado
como em público, sozinho ou associado a outros, dentro dos limites
devidos... De acordo com sua dignidade todos os homens, porque são
pessoas, a saber, dotados de razão e vontade livre, e, portanto,
elevados pela responsabilidade pessoal, são impelidos por sua
própria natureza e também por uma obrigação moral a buscar a
verdade, em primeiro lugar, a que diz respeito à Religião. Estão
igualmente obrigados a aderir à verdade conhecida e a ordenar toda
sua vida de acordo com as exigências da verdade. Não podem, no
entanto, satisfazer a esta obrigação, de maneira consentânea à
sua própria natureza a não ser que gozem da liberdade psicológica
e ao mesmo tempo da imunidade de coação externa. O direito à
liberdade religiosa não se funda, pois, numa subjetiva disposição
da pessoa, e sim na sua própria natureza. De onde, o direito a esta
imunidade persevera mesmo naqueles que não satisfazem à obrigação
de buscar a verdade e de a ela aderir; e seu exercício não pode ser
impedido, desde que se ressalve a justa ordem pública”.
(DIGNITATIS HUMANAE, 2017)
De
internis,
nec Ecclesia.
Ao afirmar a necessidade da a liberdade religiosa não apenas para
si, mas para as outras religiões e para todos os homens,não
contradiz o ensinamento da Igreja, pois do interior do espírito,
das intenções, daquilo que é interno, o que passa no coração dos
homens, nem a Igreja julga. Cabe a Igreja, ao pregar o Evangelho e
testemunhar sua validade, abrir caminho para que a graça de Deus
toque o coração humano.
Abrindo
as janelas, o Concilio Vaticano II, ofereceu à Igreja, instrumentos
importantes para atuar em um mundo repleto de mudanças e oferecer ao
gênero humano possibilidade de reorganizar a nossa casa comum, para
que o reino de Deus se faça entre nós.
5 - Herdeiros da Diversidade
Freud,
Marx e tantos outros filósofos modernos cavaram uma trincheira de
batalha que tentou introduzir na história do Homem, um mundo sem
Deus, no qual a segurança material e o relacionamento humano sem
nenhum tipo de amarras tornariam a humanidade livre.
Toda
cultura é uma planta, precisa ter raízes na terra e para receber
a luz solar precisa estar aberta ao espiritual. Produziu várias
ideias dominantes, como a de que a desigualdade material é, em si,
uma injustiça.
No
ocidente entendemos a religião como um sistema de crenças
racionalizadas, institucionalizadas e rituais obrigatórios,
monoteístas, sobrenaturais, que se pratica no âmbito privado.
Assim a prática religiosa se torna completamente separada do âmbito
secular.
Basta
olhar para o mundo em que vivemos, hoje, para notar que não sobrou
nada para o Homem além de entretenimento, relacionamentos pessoais e
utopias tóxicas, com a agravante de que o capricho de duas pessoas
raramente coincidem. Por outro lado, poderia o progresso material
sozinho assegurar a sobrevivência da civilização ocidental?
A
revolução industrial potencializou as forças de produção,
explorou os bens da natureza como se fossem recursos ilimitados se
instalou na Europa e depois no mundo, uma forma de agir que procura
o lucro a custo de “uma perversa desigualdade social... e produção
sistemática de pobreza... [e] também uma injustiça ecológica:
devastação de inteiros ecossistemas, exaustão dos bens naturais”.
A finalidade da vida passou a ser o acúmulo de bens materiais,
produzido pela exploração desenfreada dos bens naturais, com o
menor custo e maior lucro possíveis, prometendo ao seu indivíduo
a felicidade. (BOFF, 2007)
Para
substituir a anarquia internacional por uma ordem política mundial é
preciso colocar o reinado da autoridade espiritual no lugar do
reinado da força física.
Para
o famoso Lorde Acton, a religião é a chave da historia e está no
âmago de cada civilização, e que a liberdade é um princípio
essência:
“[A liberdade] é um
fruto delicado da civilização madura... Em todas as épocas o
progresso é perturbado por seus inimigos naturais, pela ignorância
e pela superstição, pelo desejo de conquistas e pelo amor pelo
conforto, pelo desejo de poder dos homens fortes e pelo desejo de se
alimentar dos homens pobres... Em qualquer tempo, os sinceros amantes
da liberdade foram raros, e seus triunfos confiados às minorias, que
acabaram por prevalecer ao se associarem com pessoas cujos objetivos
por vezes se diferiam dos seus. Essa associação, sempre perigosa,
foi por vezes desastrosa... O teste mais acurado, a partir do qual
nós podemos julgar se um país é realmente livre, é a quantidade
de segurança da qual gozam suas minorias... (In: POWEL, 2017)
As
transformações que ocorreram na história mundial entre os século
V e VI a.C. coincidem com o advento das grandes religiões e profunda
mudança de pensamento e o despertar espiritual promovidos pelos
profetas hebreus, Buda e Confúcio.
A
liberdade ao tornar-se individualismo se traduz em egocentrismos que
só podem causar o desastre. As emoções humanas não são
coletivas, mas individuais, por isso o liberalismo parece fazer
sentido, no entanto, como já dissemos acima, o homem nunca existiu
senão em sociedade, então a vida espiritual de cada pessoa é a
vida espiritual individual que participa das relações sociais,
que é o âmbito que deve ser travada a luta pelo autodomínio,
pelo auto conhecimento e aprimoramento.
Isso
explica o motivo pelo qual a salvação deve ser procurada não na
massa social, no interior da inatualidade. Pender para um lado ou
para outro foi o erro fundamental das utopias modernas. Por isso as
religiões mais aprimoradas, entendem seus semelhantes (não os
seguidores) como pessoas. Por isso , Maomé chamou seu caminho
espiritual de “submissão”, que poderia ser atribuído também ao
caminho espiritual de Buda, Zaratrusta e Jesus.
A
despeito das características acidentais constituídas historicamente
no seio de cada uma dessas religiões, mostra como a vida espiritual
íntima de um ser humano pode ser motivado pelos elementos essenciais
comum a todas elas.
Depois
da década de 1960 , a Igreja Católica tem cumprido o papel de
encorajar a busca da verdade científica, histórica e filosófica e,
ao promover a liberdade individual na esfera política, abriu espaço
para o surgimento da Teologia da Libertação que propôs a crítica
do magistério eclesiástico, a idolatria do mercado neoliberal e
elaborou uma teologia ecológica abarcando temas universais para os
tempos atuais, o que demonstra a vitalidade do Catolicismo que
considera alguns pontos críticos do convívio humano como a
devastação do meio ambiente, a necessidade de integração mundial
e a consequente superação das diferenças entre os interesses
nacionais, econômicos em favor do bem comum. (GONÇALVEZ, 2017)
O
Concílio Vaticano II equipou a Igreja para dialogar com o mundo em
sua totalidade, promoveu a criatividade filosófica/teológica que
permitiu seu avanço, sem se descaracterizar.
O
Papa Francisco tem comandado avanços significativos ao pedir
perdão aos homossexuais(G1,2017), promover o diálogo
interreligioso,
“A maioria dos
habitantes do planeta declara-se crente.
Isto deveria ser motivo para o diálogo entre as religiões.
Não devemos deixar de rezar por isso e colaborar com quem pensa de modo diferente.
Confio em Buda.
Creio em Deus.
Creio em Jesus Cristo.
Creio em Deus, Alá.
Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente,
procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos.
Nesta multidão, nesta variedade de religiões,
só há uma certeza que temos para todos:
somos todos filhos de Deus.
Creio no amor.
Creio no amor.
Creio no amor.
Creio no amor.
Confio em vós para difundir a minha intenção deste mês:
"Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões
produza frutos de paz e de justiça".
Confio na tua oração.” (O Video do Papa - Diálogo Inter-religioso
Isto deveria ser motivo para o diálogo entre as religiões.
Não devemos deixar de rezar por isso e colaborar com quem pensa de modo diferente.
Confio em Buda.
Creio em Deus.
Creio em Jesus Cristo.
Creio em Deus, Alá.
Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente,
procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos.
Nesta multidão, nesta variedade de religiões,
só há uma certeza que temos para todos:
somos todos filhos de Deus.
Creio no amor.
Creio no amor.
Creio no amor.
Creio no amor.
Confio em vós para difundir a minha intenção deste mês:
"Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões
produza frutos de paz e de justiça".
Confio na tua oração.” (O Video do Papa - Diálogo Inter-religioso
Também
inaugurou uma nova vertente de documentos da Igreja ao lançar a
histórica encíclica “Laudato Si” (Sobre o Cuidado da Casa
Comum), com severas críticas ao consumismo, ao desenvolvimento
irresponsável e à destruição ambiental e faz um apelo veemente:
“Lanço um convite
urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir
o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos,
porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas
dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. O movimento ecológico
mundial já percorreu um longo e rico caminho, tendo gerado numerosas
agregações de cidadãos que ajudaram na consciencialização.
Infelizmente, muitos esforços na busca de soluções concretas para
a crise ambiental acabam, com frequência, frustrados não só pela
recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As
atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os
crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação
acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos
de nova solidariedade universal. Como disseram os bispos da África
do Sul, «são necessários os talentos e o envolvimento de todos
para reparar o dano causado pelos humanos sobre a criação de Deus».
Todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da
criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas
e capacidades” (Laudato Si, 2017)
Promover
a unidade das 33.000 religiões cristãs, propor o respeito às
grandes tradições religiosas, promover a justiça social e a
liberdade individual, rever os conceitos historicamente
cristalizados em prol da inclusão social, defender o meio ambiente,
é o papel da igreja profetizada no livros de Malaquias:
Eis que vos envio o
profeta Elias, antes que venha o dia
grande e terrível do Senhor.
E converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração
dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra
com maldição. Mal.4:5-6
grande e terrível do Senhor.
E converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração
dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra
com maldição. Mal.4:5-6
A maldição nós já a evocamos sobre nossas cabeças, e temos sentido seus efeitos nesse ultimo séculos de genocídios, sofrimento e devastação, precisamos agora de reconciliação
Considerações Finais
O
grande Legislador universal, Hamurabi, antes de impor as leis ao seu
povo, começa seu famoso código , por personificar o cosmos para
assim dar um caráter universal ao seu regimento.
Termos
visto nos últimos 500 anos a decadência e a expansão da
civilização ocidental, ao mesmo tempo que impôs pensamentos,
instituições e formas de ser aos povos do mundo, inteiro, baseados
na técnica, na praxidade, e no progresso material.
Nos
300 últimos anos a história do homem tomou rumos jamais pensados
nos 10.000 anos anteriores e atingiu o patamar de uma civilização
global que se tornou próxima geograficamente, mas que ainda são
regidos por estruturas mentais e sociais muito antigas proveniente
do modelo da tribo e da pólis que ajudaram a constituir aos longo
dos séculos os atuais Estados, as nacionalidades, mas que ainda não
tem instrumentos para expressar e se tornar supra nacional e
abranger os interesses e modos de ser de todos os povos.
Essa
incapacidade foi se revelando no decorrer do processo de formação
da modernidade que geraram pensamentos extremamente capazes de
transformar e controlar o mundo pela racionalidade e experiência
humana mas que deixou de fora seu coração.
Chegamos
agora em uma encruzilhada: ou continuamos esse caminho de
decadência (exploração, desigualdade social, ideologias
totalitárias, destruição do meio ambiente ), até chegar ao
paroxismo , ou começamos a a apalpar algo de novo em nossa
existência.
Não
há fórmulas , teremos que tentar uma nova legislação universal .
Assim como há 2000 anos o olho por olho se tornou obsoleto, temos
que entender que também as leis não podem decretar simpatias.
O
alvo da mudança é o coração humano e esse só pode ser alcançado
eficazmente , por aquilo que é transcendente. Hamurábi sabia disso.
As
religiões mais elaboradas têm muito a oferecer umas às outras
para a realização do bem comum, mas nem todas estão equipadas
para o desafio da modernidade. Umas se tornaram demasiadamente
tradicionais, outras se perderam no relativismo moderno.
O
Concílio Vaticano II dotou a Igreja para o diálogo mundial e fez
dela uma servidora da humanidade.
O
desafio daqui para diante é plantar no coração dos homens e
mulheres a semente que será regada por novas experiências de ordem
,e, quem conseguir herdar o que de bom foi produzido pela humanidade
nesse caminho terá a base para uma nova forma de organização
sobre a terra, talvez uma nova Cristandade, capaz de ser acolhedora
para todos os homens e mulheres, e, superando uma ética meramente
humana, a colher também a todos os seres vivos do planeta.
Referências
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capital é anti-vida e anti-felicidade.
https://leonardoboff.wordpress.com/2015/04/17/a-cultura-do-capital-e-anti-vida-e-anti- felicidade/;
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17/01/2017, 19:21..
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Acesso: 19/02/2017,
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DIGNITATIS HUMANAE SOBRE A LIBERDADE RELIGIOSA
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17:10.
DECLARAÇÃO
NOSTRA AETATE SOBRE A IGREJA E AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat- ii_decl_19651028_nostra-aetate_po.html;
Acesso: 19/02/2017,
17:08
DECRETO
UNITATIS REDINTEGRATIO SOBRE O ECUMENISMO
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat- ii_decree_19641121_unitatis-redintegratio_po.html;
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